Na segunda, 18 de abril, o Sindicato que presido fez assembleia com os trabalhadores da Maxion, no Itapegica. Não era assembleia comum. Ao contrário. Iríamos reunir os companheiros para votar um pacote de benefícios longamente negociado com a direção da empresa, que encerrará atividades em dezembro, após 57 anos de operação em Guarulhos.
Ressalto a importância dessa assembleia por dois outros fatores. Os antigos companheiros da ex-Borlem integram o primeiro núcleo organizador do nosso Sindicato, fundado em 1963. Outro fato é que nosso vice-presidente Josinaldo José de Barros (Cabeça) é funcionário da fábrica.
Ao conceder entrevista na porta da empresa, muitos fatos me vieram à memória: ali, falei em microfone pela primeira vez; ali, também, fui preso durante greve geral, em 1989; foi naquele mesmo local que participei de inúmeros atos, sempre com forte participação dos companheiros da Borlem.
Ao mesmo jornalista, nosso vice Cabeça lembrou que, no começo, a empresa punha no chão, na entrada, uma cesta com pão e manteiga. O pão frio era esquentado pelos trabalhadores nas próprias rodas de ferro por eles fabricadas. Assim foi até conseguirmos o merecido horário e local para desjejum.
Nosso Sindicato já fez inúmeras negociações com a empresa e assembleias com os trabalhadores. Ante o fato concreto do fechamento da Maxion, optamos por um pacote que agrega ganhos além do que prevê a lei trabalhista. O acordo inclui indenizações, seis meses de convênio médico e cesta básica, estabilidade no emprego até dezembro, entre outras vantagens.
A boa prática sindical negocia além do que a legislação garante e assegura ganhos extras aos demitidos. Mas não estou feliz. Estaria feliz se o Brasil estivesse crescendo, com emprego, renda e perspectivas. Mas o País vive uma crise política e econômica lesiva a todos os que trabalham duro. Só os rentistas ganham.
O Sindicato tem feito acordos em muitas fábricas. Mas nossa luta principal está definida nos sete pontos do “Compromisso pelo Desenvolvimento”, que as Centrais e entidades do setor produtivo lançaram dia 3 de dezembro. Segundo o Dieese, já são mais de 60 as entidades que assinam o “Compromisso”. Esse documento e a Agenda da Classe Trabalhadora lançada na Conclatde 2010 são o nosso norte.
Política –Deploro a sessão da Câmara de Deputados do domingo (17). Não se pode impedir um governante sem efetiva culpa comprovada. Lamento o ódio destilado por muitos dos que foram eleitos para legislar e não se comportar como torcedores fanáticos.
Sou do PDT e os trabalhistas trazem na memória os golpes contra Getúlio, Jango e Brizola. Sou pela legalidade, pela punição dos culpados, em todos os partidos. Mas justiça não é vingança. A disputa política e eleitoral não pode nos custar o Estado de Direito.
Devemos pensar muito antes de votar e eleger nossos representantes e governantes. Precisamos fazer a reforma política, para que o exercício do mandato não seja um negócio ou o exercício do ódio.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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