Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Geração de empregos é a menor desde 2002

Crise afeta abertura de novas vagas, que somaram 61.401 em outubro. Empresas cortam investimentos, diz CNI

Geralda Doca, Henrique Gomes Batista e Eliane Oliveira

BRASÍLIA. A crise financeira internacional provocou desaceleração no mercado formal de trabalho em outubro. O mês registrou a geração de apenas 61.401

empregos – o menor resultado para o período desde 2002. Em relação a setembro, quando foram abertas 272.841 vagas, a queda foi de 77%. Os ministros do Trabalho, Carlos Lupi, e da Fazenda, Guido Mantega, reconheceram o impacto e esperam que, daqui em diante, as empresas sejam mais tímidas nas contratações.

Ao divulgar os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Lupi atribuiu a forte redução do nível do emprego com carteira assinada ao reflexo das turbulências sobre as decisões dos empresários: – Nos próximos dois meses, o crescimento pode não ser o que esperávamos no início do ano, mas o desempenho até aqui garante esse resultado surpreendente.

Mantega ponderou que o dado foi, de qualquer maneira, positivo, pois o ano será encerrado com criação recorde de postos de trabalho: – Com a desaceleração da atividade econômica, que se dá também no Brasil, é natural que você deixe de gerar 200 mil, 250 mil empregos por mês e passe a gerar menos. Mas, esse ano, nós vamos bater o recorde na geração de empregos formais: serão mais de dois milhões de empregos.

Vendas de Natal puxam empregos no comércio Devido às contratações de Natal, o comércio registrou o melhor desempenho em outubro, com 54.590 postos. Nos demais setores, houve forte desaceleração.

O segmento de serviços apresentou saldo de 36.142 contratações, após registrar 104.653 em setembro. Já a indústria respondeu por apenas 8.730 vagas, contra 114.002 vagas no mês anterior.

A construção civil ficou em terceiro lugar com 2.149 vagas, contra as 32.769 abertas em setembro. Por motivos sazonais relacionados à entressafra no

Centro-Sul do país, a agricultura eliminou em outubro 38.422 postos.

Apesar disso, no acumulado do ano, o saldo foi de 2.147.971 postos de trabalho, recorde histórico. Os empregos formais foram puxados pelo setor de serviços, que registrou saldo de 726.091. Em segundo lugar, aparece a indústria da transformação, seguida pelo comércio e construção civil.

Os dados do Caged mostram alta do emprego em 20 unidades da federação, com destaque para São Paulo (34.353 postos), Rio (14.240) e Santa Catarina (8.976).

Empresas revisam planos de investimento Já uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 88% dos empresários tiveram seus negócios afetados pela crise: ou seja, praticamente nove entre dez empresas consultadas.

Das empresas que se encontram nessa situação, 57% decidiram revisar planos de vendas e investimentos para 2009.

A queda da demanda foi apontada como o principal efeito da crise, seguida pelo aumento dos preços dos insumos e dos equipamentos importados.

– As empresas brasileiras já se sentem afetadas pela crise e estão revendo as expectativas para 2009 – disse o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

A pesquisa revela ainda que 61% das empresas consultadas enfrentam dificuldades para obter crédito de curto prazo. Os principais obstáculos do acesso ao financiamento são o aumento dos custos, seguido pela falta de recursos e pela redução dos prazos de pagamento.

A liberação, desde o fim de setembro, de R$ 15,35 bilhões adicionais à agricultura não foram suficientes para ajudar o setor. De acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), quase um terço dos produtores rurais – 28% do total – não consegue pagar os empréstimos feitos em bancos. A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), recém-eleita presidente da CNA, defendeu a criação de um fundo para garantir a produção nacional