Agência Sindical
Vargas concede entrevista a João Franzin
Após ouvir Centrais e entidades como Dieese e Diap, a série da Agência Sindical sobre conjuntura e perspectivas traz a análise de João Guilherme Vargas Neto, experiente e qualificado consultor do sindicalismo.
Para Vargas, o resultado da conjuntura econômica negativa e desfavorável aos trabalhadores “tem sido queda forte no emprego, desqualificação no emprego e perda salarial”, lembrando que os recentes acordos mal “roçam a inflação por baixo”. Os pontos fora da curva, aponta, são os reajustes do salário mínimo e do Piso de professor, contrariando a tendência da perda de renda.
A crise econômica, ele comenta, se dá num momento de grave crise política, “bastante agravada pelas iniciativas oposicionistas de um impeachment sem fundamento”. Vargas diz: “Cria-se a onda, que contamina o ambiente político, já marcado pela operação Lava-Jato, as dificuldades do governo e uma oposição do quanto pior melhor”.
O que fazer? Para o consultor, a experiência orienta que no curto prazo o movimento resista. “A resistência talvez não reverta um quadro de forças negativas e potentes, mas diminui o prejuízo e prepara a reversão”, avalia. Ele cita iniciativa do então presidente da Força Sindical, Miguel Torres, e do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense para conter demissões na CSN. A articulação envolveu o próprio governador Pezão (PMDB).
Exemplos – Entre outras iniciativas, Vargas Neto cita a proposta de renovação da frota de veículos feita pela CNTM – Confederação Nacional dos Metalúrgicos, presidida por Miguel Torres. “Embora a situação seja muito grave, tenho visto ações na direção correta, seja pra minorar os estragos, seja pra preparar a retomada”, afirma.
Representatividade – O consultor tem chamado atenção para as entidades ampliarem a base de apoio. “Trabalhar muito pela representatividade, estar junto às bases, representar e perceber todas as potencialidades de resistência. Qualquer calço pode favorecer a luta. Só vai descobrir a brecha, o aspecto, se estiver perto da situação real”, comenta.
O conjunto do sindicalismo prega a unidade de ação. O consultor considera que “unidade pra valer” tem de ser ampla, “seja nas direções, com a própria base e em relação às entidades que podem convergir, principalmente as Centrais sindicais.”
Cuidado que recomenda é não deixar a crise política contaminar a agenda sindical. “Não vejo vantagem que ajude trazer pra dentro do movimento a crise política”. Esta, ele diz, precisa ser enfrentada no terreno institucional, nos partidos, na Câmara, no senado e “mesmo nas ruas.