Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Férias nas montadoras já afeta caixa de fornecedor

Marli Olmos, de São Paulo

As sucessivas paralisações nas fábricas de automóveis começam a refletir-se no caixa dos fabricantes de autopeças. Fonte da indústria de componentes ouvida pelo Valor conta que algumas empresas que tiveram as encomendas de montadoras suspensas ou reduzidas não têm agora recursos para pagar seus fornecedores. A partir de hoje, a Fiat faz a terceira parada. Dará férias de dez dias a 3 mil funcionários.

De 13 a 23 de outubro a Fiat deu férias a 1,7 mil empregados. No fim do mesmo mês a empresa fez o que chamou de “parada técnica” de três dias em toda a linha de produção. No mês passado, a montadora produziu 10,3% menos do que em setembro. O grupo de trabalhadores que entrará em férias a partir de hoje corresponde a 20% do total de empregados que a montadora italiana tem na sua única fábrica, instalada em Betim (MG).

A soma de férias por etapas na Fiat e também na General Motors, Ford e Volkswagen está provocando grave comprometimento na indústria de autopeças, segundo executivos que preferem não se identificar. Os fornecedores costumam trabalhar com linhas dedicadas a cada modelo de automóvel. As paralisações isoladas, em datas distintas, fazem com que o fabricante de peças tenha que também parar a produção em partes.

Os dirigentes do setor de autopeças não têm falado sobre o assunto. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças) decidiu fazer uma sondagem para averiguar as dificuldades das empresas associadas.

A indústria de autopeças é dividida por faixas. Há os grupos de fornecedores diretos das montadoras e outras faixas de sub-fornecedores. Um fabricante de componentes que abastece os fornecedores das montadoras conta que a suspensão dos pedidos da indústria de veículos descapitalizou boa parte das empresas que fazem o fornecimento direto para as linhas de montagem de veículos. Esse mesmo fabricante teve de renegociar parcelas e prazos dos seus clientes sem caixa para não ter de interromper a atividade.

O maior temor de alguns fabricantes de autopeças é não conseguir acompanhar o ritmo das paralisações das montadoras sem demitir. As grandes multinacionais como Fiat ou Volkswagen conseguem parar e até manter o empregado recebendo salário em casa. Mas muitas autopeças não conseguem fazer o mesmo. Boa parte das empresas investiu e ampliou o número de vagas para poder atender ao aumento da demanda.