Leonencio Nossa, ROMA
As primeiras notícias de queda de emprego na indústria paulista deixaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preocupado. Em todos os dias da viagem oficial à Itália, encerrada ontem, ele fez discursos em que ressaltou a preocupação com o desemprego, citando em especial a situação da Europa. Na entrevista concedida poucas horas antes de embarcar para Washington, ele deixou ainda mais claro esse temor.
Indagado se a possibilidade de desemprego no Brasil tirava o seu sono, Lula respondeu que o “terrorismo” psicológico causado pela crise deixa investidores e consumidores cautelosos, o que põe em risco as frentes de trabalho. “O que me preocupa, e o que já aconteceu comigo, é que muitas vezes você quer comprar ou trocar de carro e ouve por aí que vai ter um problema e acaba não comprando. Na hora que você não compra um carro, é menos um carro produzido e pode ser um posto de trabalho que você perde”, disse ele.
Uma pessoa próxima do presidente disse que a questão do emprego para um chefe de Estado de origem sindical é uma “questão de honra”. Lula, segundo assessores, considera a questão do emprego prioritária em todas as medidas anunciadas pela equipe econômica. É a sustentação dos empregos que mantém a popularidade do presidente, avaliam.
Na conversa com jornalistas, o presidente disse que atendeu a pedidos da indústria automotiva de facilitar a concessão de crédito para garantir a manutenção dos empregos. Ele afirmou que o governo considera também prioritários os setores de construção civil e agricultura, que empregam mais. Também reiterou que não quer nenhuma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) paralisada.