DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Após dois meses de queda, os preços para a baixa renda voltaram a subir em outubro e empurraram o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1) para 0,66%, contra -0,57% em setembro. No ano, a alta acumulada é de 6,36%, e em 12 meses, de 7,97%. Nos três casos, o resultado é superior ao registrado pelo IPC-BR, que mede a inflação para faixas mais amplas de renda.
Segundo o economista André Braz, da FGV (Fundação Getulio Vargas), o resultado de outubro pode ser explicado basicamente pela alta dos preços dos alimentos, que consomem quase 41% do orçamento das famílias com renda até 2,5 salários mínimos. Ele diz, porém, que o comportamento desse grupo está mais relacionado a fatores domésticos do que à crise financeira internacional.
“Os dados indicam que a alta é mais por questões sazonais do que por contaminação do câmbio”, explica. Segundo ele, a entrada no período de entressafra de alguns itens, associada a uma demanda interna ainda firme, abriu espaço para aumentos de preços. O grupo alimentação passou de uma taxa negativa, de -1,65% em setembro, para uma alta de 1,01% em outubro.
Os principais impactos vieram do arroz branco (que passou de -2,61% em setembro para 2,23% em outubro), do feijão carioquinha (de -5,70% para 2,81%), do feijão preto (de -2,90% para 9,19%), da carne bovina (de 0,74% para 4,10%) e dos laticínios (de 0,19% para 0,87%). Pesou também a queda menor dos preços das hortaliças, que passou de -10,46% em setembro para -2,15% em outubro.
Já os produtos derivados de commodities, como os panificados e o óleo de soja, voltaram a apresentar deflação (-0,58% e -4,43%, respectivamente), o que reforça a opinião do economista de que a crise ainda não chegou com força às prateleiras dos supermercados.