Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sem abono, metalúrgicos iniciam greves por acordos coletivos

Categoria reivindica também aumento real e correção de 100% da inflação já para dezembro. Mobilizações nas fábricas começam a partir da próxima semana

André Nojima

Trabalhadores da Bosch rejeitaram proposta e deram prazo para empresa melhorar valores

André Nojima


Metalúrgicos de empresas de Curitiba e região metropolitana poderão fazer paralisações de protesto e greves a partir da próxima semana. A ação faz parte da Campanha Salarial 2008, liderada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), e envolve cerca de 30 mil trabalhadores de indústrias metalúrgicas e de máquinas.

A categoria, que tem data-base em 1º de dezembro, reivindica aumento real, correção de 100% da inflação acumulada nos últimos doze meses, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, além do abono salarial.

Este último item é considerado crucial por sindicalistas e trabalhadores. Nas recentes campanhas nas montadoras e autopeças, os funcionários garantiram abonos de até R$ 2 mil. O objetivo é estender essa conquista aos setores de metalurgia e máquinas. “Não abrimos mão do abono, que serve para recuperar as perdas da massa salarial durante o ano”, afirma o presidente do SMC, Sérgio Butka.

Na Bosch, maior indústria do setor no Paraná, com cerca de cinco mil trabalhadores, os metalúrgicos rejeitaram em assembléia hoje, dia 5, duas propostas. A primeira foi de 11% de aumento para dezembro, sem abono. A segunda foi a de incorporação de 100% do INPC (estimada em 7,15% pelo Dieese) já em dezembro e um abono de R$ 700,00 para o dia 19/12. Só que o aumento real de 3,6% para fechar os 11% viriam só em dezembro do ano que vem. Com isso, os trabalhadores deram prazo até a próxima sexta-feira, dia 7, para a empresa melhorar os valores. Se isso não ocorrer, as paralisações poderão começar.

Mobilização empresa por empresa

Além da Convenção Coletiva de Trabalho com os patronais Sindimetal e Sindimaq, o objetivo do SMC é fechar Acordos Coletivos de Trabalho, em negociações individuais com as empresas. Só no ano passado, a entidade assinou 120 acordos, com avanços de valores e benefícios maiores que os da Convenção. Em 2008, a meta é igualar ou até mesmo superar este índice. Além da Bosch, o SMC já está em negociação com a AAM do Brasil (Araucária); Haas do Brasil, Leogap e Perkins (CIC); Brandl, Ribasa, Suzuki e Vetore (Pinhais); Dana, GL Lorenzetti e Maflow (Campo Largo). Outras reuniões estão para ser agendas para os próximos dias. A pauta de reivindicações já foi encaminhada a mais de 40 empresas.

Alarde de crise no setor é estratégia patronal

A alardeada crise no setor metalúrgico, com anúncio de férias coletivas e ameaça de demissões em massa, é uma espécie de estratégia adotada pelos patrões para nivelar por baixo as negociações de data-base. “O sindicato patronal está fazendo alarde com a notícia de férias coletivas de 35 empresas em dezembro próximo. Férias nessa época do ano é normal. Para se ter uma idéia, em 2007, 42 fábricas concederam férias coletivas em dezembro. E na época nem havia crise”, argumenta Butka.

Texto: Guilherme Ochika – Assessoria de Imprensa do SMC – (41) 8866.8798
Fonte para entrevistas: Sérgio Butka, presidente do SMC – (41) 8409.6353