Em 14 de abril de 2015 a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Mococa e Região foi surpreendida em uma reunião de entendimento – descrita em ata e assinada pelos representantes da empresa Delphi Automotive Systems – com a notícia de que a fábrica de Mococa tem a intenção de encerrar as suas atividades na cidade.
A empresa alega que em decorrência da crise financeira que predomina no país, a demanda de peças e acessórios por parte das montadoras de veículos caiu muito. Todo o setor de auto-peças está em crise. Somente no Estado de São Paulo foram fechados 17 mil postos de trabalho no mês de março. Dentre os setores que mais demitiram, segundo levantamento da Fiesp, estão o de máquinas e equipamentos (7.380), veículos automotores (2.358) e produtos alimentícios (1.722).
Considerando o grande esforço do Sindicato para trazer a Delphi para Mococa, imediatamente a diretoria se reuniu com os dirigentes da multinacional, na matriz, em São Caetano do Sul / SP, para tentar negociações e impedir o fechamento. “Estamos indignados e insatisfeitos com a atitude capitalista da empresa. Sabemos e entendemos que o país passa por uma grande crise econômica, no entanto, acima de tudo é preciso considerar que nesta empresa trabalham mais de 140 pessoas, entre elas, muitos chefes de famílias. Não é simplesmente comunicar que as portas poderão ser fechadas e ir embora. Foram anos de negociações e sacrifícios para trazer esta empresa para Mococa e não vamos aceitar a decisão numa boa. Lutaremos e buscaremos todos os meios possíveis para mantê-la na cidade”, ressalta Francisco Sales Gabriel Fernandes, Chico do Sindicato, Vereador e Presidente da entidade.
Para Chico, é preciso considerar ainda os grandes investimentos que foram feitos pela Prefeitura Municipal e pelo Sindicato em capacitação e treinamentos das primeiras turmas de empregados. “Em todos os momentos demos total respaldo. Muitas pessoas acreditaram neste projeto, se envolveram e lutaram conosco”, enfatiza.
Vale lembrar que foi firmado um contrato entre a Delphi e a Prefeitura onde consta que a empresa deverá permanecer no município pelo período de 20 anos, prorrogáveis por mais 20 anos. Em julho deste ano a fábrica completaria somente 2 anos na cidade.
Chico afirma que se a Delphi persistir na decisão, reparações financeiras serão reivindicadas na Justiça. “É uma questão de cidadania, afinal, investimos pesado neste projeto e vamos exigir o dinheiro do povo de volta. Se não for por entendimento recorreremos por questão de direito”, salienta.
O Sindicato já recorreu também à Secretaria e Relações do Trabalho, através do Secretário, Sr. José Luiz Ribeiro, que levará o problema ao Governador do Estado, Sr. Geraldo Alckmin, bem como a outras autoridades constituídas.
Vale salientar que em ata a empresa deixa claro que a sua decisão não tem nenhuma relação com a greve ocorrida no início do ano e, tampouco, com a atuação do Sindicato, que sempre trabalhou em parceria com a Delphi, como faz com as demais empresas da cidade, não medindo esforços do momento da sua instalação à busca por constantes melhorias nas condições de vida dos empregados, principalmente no que se refere à política da empregabilidade.
No início de 2015 a Delphi Automotive fechou também uma unidade em Minas Gerais, na cidade de Itabirito, desempregando 700 pessoas. A fábrica de Jaguariúna/SP, que produzia ar condicionado e contava com cerca de 300 empregados foi vendida para a Mahle, alemã. Na Argentina outra planta com 500 funcionários também foi fechada.
O empenho do Sindicato não se restringe apenas ao problema da Delphi. Nos últimos meses a entidade tem negociado com várias empresas da cidade e região, que também estão em crise para garantir, sobretudo, a manutenção dos empregos.
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