Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Inflação vai a 0,50% puxada por alimento e habitação em SP

VERENA FORNETTI – COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A inflação para as famílias paulistanas com renda mensal de até R$ 8.300 subiu 0,50% em outubro, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) medido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Em outubro de 2007, a inflação avançou 0,08%.

De acordo com Antonio Evaldo Comune, coordenador do IPC, habitação e alimentação foram os grupos que mais pressionaram a inflação no mês, com altas de 0,76% e 0,37%, respectivamente.

Comune destaca o aumento no preço do cimento, que chegou a 11%. Entre os produtos alimentícios, carnes bovinas e cereais foram os que mais forçaram o aumento do grupo.

Jean Barbosa, analista da consultoria Tendências, diz que os resultados do IPC apontam para uma alta também no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que será divulgado pelo IBGE na sexta e que é a base para as metas de inflação do Banco Central. A inflação acumulada em 12 meses segundo o IPC é de 6,95%.

Impacto do dólar

Comune afirma que, por enquanto, a valorização do dólar, que encarece os produtos importados, não chegou ao consumidor, mas que os preços devem subir até o fim do ano.

Segundo uma pesquisa ainda inédita da Fipe, a cada 10% de valorização do dólar, a economia brasileira registra aumento de 1% de inflação. “A partir desse estudo, sabemos que, se não acontecer mais nenhum choque, já começamos o ano que vem com 3% de inflação”, afirma Comune.

Além da pressão vinda dos produtos importados, outros fatores devem influenciar o comportamento da inflação no ano que vem. A queda nos preços das commodities e a escassez de crédito -que pode fazer com que a demanda caia no ano que vem- devem puxar os índices de inflação para baixo.

Paulo Picchetti, coordenador do IPC-S da FGV (Fundação Getulio Vargas) avalia que a influência da desvalorização do real para a inflação, por enquanto, é mais forte do que os outros fatores. “Eu acho que até o final do ano o efeito da desvalorização do câmbio vai se fazer de forma mais forte do que qualquer redução da demanda por conta de desaceleração no nível de atividade.”

Esse quadro, entretanto, deve mudar em 2009, diz Pichetti. “Tudo indica que a desaceleração tanto do lado interno quanto externo vai ser mais forte que o efeito do dólar.”

Para o economista, o país deve encerrar 2008 com a inflação próxima ao teto da meta estabelecida pelo governo, de 6,5% ao ano, mas diz que, em 2009, ela deve ficar mais perto do centro da meta, de 4,5%.