Montadoras, que estariam negociando uma fusão, anunciam mais demissões em fábricas nos Estados Unidos
Agências Internacionais, Detroit
O fundo do poço parece nunca chegar para as grandes montadoras americanas. Ontem, a General Motors e a Chrysler anunciaram mais demissões em suas fábricas nos Estados Unidos, com o objetivo de reduzir ainda mais os seus custos. Nesta semana, a Ford já havia passado por um grande baque: o bilionário Kirk Kerkorian simplesmente desistiu de seus investimentos na empresa, vendendo, com prejuízo de mais de 60%, as ações compradas havia apenas seis meses.
As três empresas atravessam uma crise sem precedentes. Muito endividadas, com prejuízos constantes (e bilionários) nos balanços e enfrentando quedas gigantescas nas vendas no mercado americano, as companhias ainda têm de lidar, agora, com a escassez do crédito, provocada pela crise financeira global. Para piorar, um pacote de ajuda de US$ 25 bilhões prometido pelo governo americano pode demorar, segundo fontes, até um ano para ser liberado.
Para tentar melhorar a situação, a GM resolveu apelar novamente para demissões – embora sem especificar o número -, mesmo depois que um número de trabalhadores maior do que o esperado aceitou os pacotes de demissão voluntária oferecidos pela empresa. A GM pretendia inicialmente reduzir sua força de trabalho em 15%, ou 5 mil funcionários. Mas esse número agora vai subir. Já a Chrysler vai demitir 1.825 empregados. As duas empresas, segundo notícias que vêm sendo veiculadas há vários dias, estão no meio de um processo de negociações, que poderá ter como resultado a fusão das operações.
No caso da GM, além das demissões, a empresa também informou que vai reduzir os benefícios de seus empregados, incluindo a eliminação do pagamento de alguns planos de previdência e mudanças em outros planos de aposentadoria, de acordo com uma carta enviada aos funcionários, assinada pelo executivo-chefe da montadora, Rick Wagoner, e pelo diretor-operacional, Fritz Henderson.
“A crise de crédito global teve um impacto dramático sobre a indústria. Com isso, os mercados de veículos novos na América do Norte e na Europa Ocidental se contraíram severamente”, diz a carta. “A perspectiva para a economia global permanece muito preocupante.” A montadora informou que as demissões acontecerão entre o fim deste ano e o início de 2009.
A GM vem tomando ainda outras medidas para tentar sair da situação em que se encontra. Vem tentando encontrar, por exemplo, um comprador para a sua marca Hummer, que se tornou o símbolo máximo dos carros que consomem grande quantidade de combustível. Nesta semana, a empresa anunciou também que estuda a venda da ACDelco, sua unidade de produção de partes e acessórios para automóveis.
A Chrysler, por sua vez, anunciou que vai eliminar um turno na fábrica de Toledo e antecipar para 31 de dezembro o fechamento da unidade de Newark, previsto anteriormente para o fim de 2009, após os prejuízos da empresa terem crescido para cerca de US$ 1 bilhão no primeiro semestre deste ano. Os 1.825 trabalhadores que serão dispensados devem receber pacotes de aposentadoria antecipada e de compra de ações da empresa.
A situação atual da Chrysler tem gerado rumores de que seu controlador, o fundo de private equity norte-americano Cerberus Capital Management, vai vender partes ou toda a montadora. Especulações dão conta de que o Cerberus está entrando em contato com possíveis compradores, entre eles a própria GM. Na noite de quarta-feira, o presidente da Chrysler, Jim Press, negou os rumores sobre uma potencial fusão de sua empresa com a GM, dizendo acreditar que existe “muita especulação, mas nenhuma fato concreto”.