“O salário mínimo tem dois valores. O valor real, em moeda, que possibilita maior ou menor poder de compra para trabalhadores ou aposentados. E o valor simbólico. Esse simbolismo marcou, na criação do benefício, em 1940, a transição da nossa classe trabalhadora, que deixava de ser majoritariamente rural para se urbanizar.
Antes da instituição do mínimo, por Getúlio Vargas, nosso trabalhador era pouco mais que um pedinte. O mínimo consolidou sua situação de assalariado, trazendo segurança econômica. Na prática, dignidade.
Por isso, o mínimo é tão importante. O Dieese informa que ele tem impacto na vida de 48 milhões de brasileiros, da ativa ou aposentados. Trata-se do maior acordo coletivo do mundo e de uma efetiva forma de distribuição de renda, especialmente nas periferias carentes, pequenas cidades e na zona rural.
Nos últimos anos, o Brasil adotou várias políticas de inclusão social. As mais conhecidas são o Bolsa Família e a política de aumento real para o salário mínimo – cujo ganho sobre o INPC chega a 72,3%. Esta última é a mais importante, a que mais distribui renda, promove inclusão e aumenta o poder de compra.
Por tudo isso, a política de aumento real do salário mínimo está no centro do debate político. E, felizmente, com boas perspectivas. Registro duas iniciativas. Uma é o projeto de lei do deputado Paulinho da Força, que visa garantir a atual sistemática de aumento até 2023. Outra é o compromisso anunciado, em rede nacional, pela presidente Dilma, de que a política de ganho real será mantida.
Essas duas iniciativas são importantes e oportunas, pois chegam num momento em que setores ligados à especulação, economistas patronais e políticos conservadores atacam fortemente o aumento real do mínimo. A alegação é de que essa valorização estimula a inflação e desorganiza as finanças públicas.
Neste espaço, mais que uma vez, escrevi sobre salário mínimo e defendi sua valorização, reafirmando que os R$ 724,00 de hoje estão muito distantes de um valor justo. Em 24 de março, nosso Sindicato reuniu sindicalistas, trabalhadores e setor produtivo, aprovando uma carta de apoio ao aumento real.
As pessoas com renda mais alta podem achar que pouco têm a ver com o mínimo. É um erro. O salário mínimo valorizado, primeiramente, possibilita dignidade para as pessoas. Segundo, ajuda a fortalecer o mercado interno.
Na economia moderna, o mercado interno adquire importância estratégica. E o salário mínimo valorizado é imprescindível para que esse mercado se estruture, se fortaleça e ajude o Brasil a ser o país desenvolvido que pode e merece ser. O aumento real do salário mínimo vai continuar”.
José Pereira dos Santos
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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