Escrito por Diego Abreu Do G1, em Brasília 21-Out-2008
Ministro recebeu sindicalistas que pediram sua interferência na negociação.
Policiais civis de São Paulo estão em greve há 37 dias.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta terça-feira (21) que não a União não tem competência para interceder pelo fim da greve dos policiais civis no estado de São Paulo. Evitando um eventual confronto com o governador José Serra, ele afirmou que o governo poderá apenas colaborar com a proposição de acordos para votação no Congresso Nacional da Lei Orgânica da Polícia Civil e da aposentadoria especial dos policiais.
Representantes de seis centrais sindicais se reuniram com o ministro em Brasília para pedir a interferência dele na negociação salarial entre governo de São Paulo e Polícia Civil do estado, em greve há 37 dias. “Só (irei me manifestar) se o governo do estado pedir alguma opinião nossa. Senão, esse contato não seria bem recebido”, disse Tarso Genro.
Antes do encontro, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique Santos, adiantou que iria pedir ao ministro para pressionar o governador de São Paulo, José Serra, a fim de que o Executivo local apresente nova proposta “mais justa a categoria”.
“O pedido é para tentar pôr fim à greve e abrir um canal de negociação junto ao governo do estado, porque o governador se manteve irredutível desde janeiro deste ano, quando foi apresentada a pauta de reivindicação dos trabalhadores”, disse Artur Santos.
Durante o encontro com o ministro, o presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), mostrou a Tarso Genro munições calibre .40, que teriam sido usadas durante o confronto entre policiais militares e policiais civis, na última quinta-feira (16), em frente ao Palácio dos Bandeirantes. O ministro preferiu não fazer comentários sobre as munições levadas ao ministério. “Essa é uma questão que tem que ser examinada pela autoridade policial e, se for o caso, pelo Poder Judiciário”, afirmou Genro.
Nesta segunda-feira (20), o governo de São Paulo decidiu ampliar sua proposta de reajuste salarial e as vantagens para a Polícia Civil numa tentativa de acabar com a greve. Os projetos serão enviados imediatamente à Assembléia Legislativa.
A proposta prevê reajuste de 6,5% em janeiro de 2009 e 6,5% em janeiro de 2010 para ativos e inativos. Estabelece também 16.032 promoções para os cerca de 35 mil policiais civis por meio da extinção da 5ª classe e da passagem dos policiais da 4ª classe para a 3ª, com promoções ainda para as 2ª e 1ª classes. Também será instituída a aposentadoria especial para a Polícia Civil. Outra novidade anunciada foi o fato de que quem se aposentar nos próximos anos levará um décimo do adicional de localidade (ALE) a partir de 2009 até 2014, quando se chegará ao teto de 50% do ALE.