JAÉLCIO SANTANA
O governador de Pernambuco Eduardo Campos fez na tarde desta segunda-feira, 8 de abril, uma palestra na Força Sindical, em São Paulo, aos dirigentes sindicais que vieram dos Estados para a reunião da Comissão Executiva Nacional realizada pela manhã.
Na abertura dos trabalhos, o governador ouviu um desabafo do presidente da Central, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho: “Estou incomodado com o governo Dilma, com a redução do PIB, de 7,5% para 0,9% em 2012, e com a falta de resposta concreta às reivindicações do movimento sindical. Propusemos alternativa ao fator previdenciário e não foi resolvido. O governo não concede aumento real para os aposentados que recebem acima do salário mínimo e o resultado é que milhões de aposentados, a cada ano, têm reduzido os valores de seus benefícios.Outro fato é estarmos perdendo os empregos na indústria nacional para os produtos importados”, declarou.
A fala de Paulinho foi interrompida com muito bom humor por um trabalhador metalúrgico disfarçado de agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que, segundo notícias divulgadas, monitora o movimento sindical. Paulinho destacou que a Força Sindical “vê com bons olhos a candidatura de Eduardo Campos à presidência da República”.
Em sua palestra, o governador começou abordando o papel dos trabalhadores na organização do movimento sindical brasileiro, a conquista da democracia, a derrota da inflação, o novo pacto social, a necessidade de acabar com as desigualdades no País e o papel desempenhado pelo ex-presidente Lula neste sentido.
“Precisamos discutir o presente e olhar para o futuro. O País necessita de investimentos públicos e privados. O Brasil é conhecido pela democracia e pelo respeito aos contratos e isso precisa ser preservado”, declarou Campos.
Segundo o governador, o País precisa debater mais as formas para fazer financiamentos de longo prazo, além de discutir o fato de 96% das prefeituras estarem no SPC (Serviço de Proteção ao Credito) do mundo público e não terem condições de pactuar com o governo federal.
Outros temas abordados foram a necessidade de cuidar da saúde, educação e segurança. Para preservar o mercado de trabalho – a geração de milhões de empregos no governo FHC e Lula – é preciso retornar o investimento, promover abertura de trabalho em todos os setores (não apenas em serviço) e é primordial ter uma indústria inovadora e competitiva escolhendo alguns setores para investir.
O governador respondeu perguntas sobre desenvolvimento regional, seca no Nordeste, distribuição de renda, habitação popular, democratização da mídia e falta de crédito para microempresa, pequena e média empresas. Sobre a imprensa, o governador disse que defende a livre expressão e quem faz o controle da mídia é o leitor.
O presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, levantou o problema da desindustrialização e disse que o Brasil real tem uma crise de indústria, emprego, com empresas demitindo e não pagando os direitos, falta de investimento.
“O governo tirou os trabalhadores das negociações. Ele negocia com certos setores empresariais sem os trabalhadores e faz desonerações sem contrapartidas. Os setores econômicos que mais tiveram desoneração da folha são os que mais demitiram”, criticou.
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