Por Paola de Moura | Do Rio
Estimular o consumo, reduzir as taxas de juros e aumentar os investimentos governamentais fazem parte da estratégia da presidente Dilma Rousseff para enfrentar a crise internacional. Em evento, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, em que celebrava um empréstimo de R$ 3,6 bilhões do Banco do Brasil para o Estado, Dilma disse estranhar que algumas pessoas digam que o poder de consumo brasileiro esteja estagnado e também criticarem a continuidade da queda dos juros num momento de crise. Foi o segundo dia consecutivo em que a presidente defendeu o consumo como um elemento importante do modelo de crescimento do país. Na terça-feira, em Belo Horizonte, o tom do discurso da presidente também foi esse.
“Estranho que digam que tenha acabado o poder de consumo de um povo que mal acabou de começar a consumir. É estranho aqueles que dizem que o mercado de consumo brasileiro é maduro”, disse. ” Nós vamos ampliar o poder de consumo sim. É um mercado ainda incipiente de crédito”, afirmou.
Dilma também afirmou que há “milhões de brasileiros” que ainda que não têm acesso a bens de consumo e que vão ter. “Nós somos um dos melhores mercados de varejo do mundo, por conta desta demanda reprimida”. A presidente ainda acrescentou que acha natural, diante da crise, que o setor privado reduza seus investimentos, mas, para isso, pretende aumentar os recursos provenientes do Estado. “É sobre isto que estamos tratando aqui”, disse ela, em referência à liberação do crédito ao Rio que será utilizado para financiar obras públicas tanto para a Copa do Mundo de Futebol e para a Olimpíada, como para estradas e moradia.
O empréstimo concedido pelo Banco do Brasil ao Rio é o primeiro concedido dentro de uma nova disponibilidade do banco oficial. O governo fluminense terá cinco anos de carência e mais 20 anos para pagar em parcelas semestrais, com taxa de juros de Libor (atualmente em 1,07% ao ano) mais 3,8% ao ano.
A presidente também reclamou de quem critica a queda na taxas de juros do país afirmando que ela continuará. “Não há razão técnica para o país não ter reduzido as taxas de juros que vem mantendo ao longo dos anos. Temos solidez fiscal. Somos um dos países que têm as melhores finanças públicas do mundo. Mostramos que podemos controlar a inflação por nós mesmos”, afirmou Dilma, acrescentando que porém, “não vai baixar os juros por decreto”.
Dilma encerrou seu discurso afirmando que, diferentemente dos países europeus, não aceitou a máxima de “ou bem eu faço ajuste ou bem eu cresço. O Brasil só encontrou seu rumo porque cresceu, incluiu e ampliou. Não é um desenvolvimento para o PIB [Produto Interno Bruto ]é um desenvolvimento para as pessoas”.
A presidente também disse que manter um conteúdo nacional elevado e incentivar a produção local para abastecer a Petrobras é um compromisso de governo, mas não falou em percentuais. “Vamos fazer uma política inteligente, com conteúdo nacional com alguma importação. A base da nossa política não é fazer vazar emprego lá fora. Porque os brasileiros têm condições de produzir tecnologia de qualidade”.
Dilma acrescentou que as críticas quanto ao atraso das entregas da sonda nada tem a ver com a exigência do conteúdo nacional. “O que está atrasado são as sondas construídas no exterior”, disse ela.