Governo quer reforçar caixa para garantir crédito a empresas; CEF também deve receber recursos
Fabio Graner e Leonencio Nossa
O governo deve anunciar novas medidas para reforçar o caixa de instituições financeiras federais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF). O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou ontem que o governo estuda uma maneira de compensar o BNDES pelos cerca de R$ 5 bilhões em dividendos que a instituição pagou à União neste ano, algo que não vinha fazendo em anos anteriores. Isso poderia ser feito por meio de uma nova capitalização do banco.
“É orientação do presidente Lula que o BNDES tenha recursos para manter os financiamentos e atender a demanda das empresas”, disse. Bernardo ponderou, contudo, que a compensação ocorrerá somente se a situação das contas públicas permitir, desde que não ponha em risco a meta de superávit primário (receita menos despesa, sem contar juros). A meta é de 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB). “Isto vai depender dos números fiscais e da necessidade do BNDES”, disse.
A capitalização do BNDES também foi defendida pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em discurso ontem numa reunião de gerentes da Caixa Econômica Federal (CEF). Dilma mencionou a possibilidade de capitalização da Caixa Econômica Federal (CEF). “O governo está perfeitamente convencido de que é possível disponibilizar recursos tanto para o BNDES, para financiamentos a longo prazo do setor privado, quanto para a Caixa, para projetos de infra-estrutura e saneamento.”
Sem detalhar, Dilma ressaltou a importância das duas instituições no atual momento de falta de crédito no exterior. “Essas fontes (BNDES e Caixa) não vão secar”, disse. “Sabemos que a crise é profunda e que afetou as correntes internacionais de crédito, mas temos hoje uma situação financeira e bancária bastante robusta”, completou. “Nossos bancos não foram contaminados pela crise e acho que o mercado de câmbio também não foi afetado.”
Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu ao presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, que o governo vai se mobilizar para que o programa de investimentos em infra-estrutura não seja interrompido por conta da crise.
Mantega, segundo relato de Godoy, disse que o governo vai agir para que o BNDES tenha recursos suficientes para sustentar a continuidade dos investimentos. “(O ministro Mantega disse que) não faltarão recursos para o BNDES. O próprio Tesouro fará aportes com fontes diferentes, mecanismos diferentes, mas vai estabelecer uma linha de apoio às ações do BNDES para que não haja uma interrupção”, relatou Godoy ao sair de reunião com o ministro.