O setor metal-mecânico cresce cada vez mais no Brasil. E um dos pólos de metalurgia fica em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Um projeto aproxima pequenas e grandes empresas. Ao fazer negócios juntas, elas aumentam o faturamento.
As chaminés estão a todo vapor em Volta Redonda. Na cidade do aço e em mais nove municípios da região, a produção industrial não para.
A região tem 330 fábricas no setor metal-mecânico. São metalúrgicas, montadoras de carros e até de navios. Elas empregam mais de 30 mil pessoas. O desafio dos pequenos negócios é conseguir vender peças para as grandes companhias.
Para facilitar a negociação, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) reuniu 126 empresas entre grandes e pequenas em um arranjo produtivo local. O que significa cada um conhecer a necessidade do outro e a partir daí fechar negócios.
“Muitas vezes esta grande empresa precisa de um determinado material, e vai buscar em outro estado, enquanto aqui, por ela não conhecer, ela acaba comprando de outra região. Então, o objetivo da rodada de negócios, das feiras de negócios, é aproximar o pequeno do grande, através da oferta e demanda”, diz Ana Lúcia Lima, do Sebrae de Volta Redonda.
A pequena metalúrgica de Barra Mansa dobrou o fornecimento de peças para as siderúrgicas da região. O empresário Alberto Almeida Carneiro, dono da empresa, explica como o projeto ajudou.
“Nós melhoramos muito o nosso relacionamento. Hoje a gente consegue trabalhar inclusive com o desenvolvimento de soluções para eles, o que era muito difícil, às vezes a coisa chegava pronta de fora. Hoje em dia a gente tem abertura para poder questionar, sugerir, dar sugestões, participar de concorrências que às vezes só empresas de outros estados podiam participar”, relata Alberto Almeida Carneiro, diz o empresário.
A iniciativa do Sebrae ajudou também na própria parceria entre as pequenas indústrias. “Muitas das vezes, o outro parceiro pode estar fornecendo para uma grande empresa e não está apto a realizar determinados serviços, então um faz parceria com o outro, e fazem juntos determinados serviços para a grande empresa”, diz Ana, do Sebrae.
Diariamente, a metalúrgica do empresário Alberto Almeida transforma duas toneladas de aço em equipamentos. Com o apoio do Sebrae, a empresa captou R$ 270 mil junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. O dinheiro foi usado para criar novidades.
“Esta é a prova do sucesso do projeto. Uma peça desenvolvida especialmente para uma grande siderúrgica. É um raspador de cascão. Eu vou explicar melhor. Ta vendo isto aqui? É uma lança que desce em tanques de aço líquido. Ela volta para a superfície com uma crosta de sujeira desse aço. E quem faz a limpeza? O raspador de cascão, que custa 350 mil reais.”
Um exemplo é uma unidade que foi desenvolvida sob encomenda. Depois que o equipamento entrar na linha de produção, poderá ser vendido para qualquer siderúrgica. “Nossa expectativa é vender 50 equipamentos em três anos na indústria nacional”, diz o empresário.
No total, 105 pessoas trabalham nas duas unidades da empresa. O crescimento dos negócios permitiu valorizar os empregados, que agora têm um plano de cargos e salários. “A mão de obra hoje, ela não quer só salário, ela também quer uma coisa que possa vislumbrar para longo prazo, que ajuda muito com isso”, diz o empresário.
O projeto do Sebrae também deixa os empresários sempre atualizados. “Existe a necessidade de a gente estar sempre se evoluindo, para poder trabalhar com essas grandes empresas, você tem que estar pensando sempre em soluções”, afirma o empresário.
Os bons números animam a indústria metal-mecânica da região. Uma pesquisa do Sebrae mostra que em 2010, 57% das empresas participantes do arranjo produtivo local aumentaram o faturamento, 30% contrataram mais funcionários e 23% aumentaram a clientela. “A gente percebe que a pequena empresa está ocupando um espaço importante numa economia que é o metal-mecânico fluminense, que é muito importante para a economia local”, afirma Ana, do Sebrae.