Folha SP
Expectativa é de mais turbulências e de crescimento mundial ainda fraco
Para o presidente da instituição, há espaço para ´ajustes´ nos juros sem estourar o limite para a inflação de 2012
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O Banco Central mandou ontem um recado ao mercado: diante da piora do cenário externo, voltará a reduzir a taxa básica de juros de forma “moderada” para estimular a economia do país.
Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no fim de agosto, o BC surpreendeu economistas ao reduzir os juros de 12,5% para 12%, para estimular a economia do país.
A justificativa foi justamente a piora do cenário externo, que poderia afetar o Brasil.
Nas últimas semanas, indicadores da economia mostraram desaceleração no país, especialmente na indústria. A previsão de crescimento do PIB (soma de bens e serviços produzidos no país) foi revista de 4% para 3,5%, e muitos países também reduziram as estimativas para a expansão de suas economias.
Por outro lado, índices de inflação voltaram a subir no Brasil, e a alta do dólar está sendo repassada para os preços de alguns produtos.
Além disso, estão em discussão novas rodadas de reajustes salariais, que podem afetar os índices de preços.
Ainda assim, Tombini foi enfático ao falar de novos cortes: “Olhando para frente, nas atuais condições, ajustes moderados da taxa de juros são consistentes com a convergência da inflação para o centro da meta em 2012”.
Analistas de mercado preveem que em sua próxima reunião, em menos de duas semanas, o BC voltará a reduzir o juro, entre 0,5 e um ponto percentual.
Para Tombini, a situação da economia mundial ainda é delicada, e tende a variar muito de acordo com o humor do mercado.
Por isso, o BC poderá intervir no câmbio se verificar distorções no Brasil em relação ao movimento mundial do dólar e de outras moedas.