Folha SP
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
Em um Dia do Trabalho sem muito a festejar nos EUA, o presidente Barack Obama deu pistas pouco animadoras do que será seu discurso sobre empregos nesta quinta. O tema, nas últimas semanas, foi catapultado ao topo da lista de prioridades da Casa Branca e virou mote de campanha de pré-candidatos republicanos a suceder Obama após a disputa de 2012.
O desemprego nos EUA está acima de 9% e há pouca perspectiva de melhora ante a atual letargia econômica. Apesar de vir alimentando expectativas sobre a proposta que fará na quinta para criar novas vagas e embora o debate sobre uma nova injeção de dinheiro para estimular a economia tenha crescido, Obama esbarra em obstáculos no Congresso.
Tudo indica, até agora, que o cerne de seu plano será o investimento em infraestrutura. Para tanto, ele precisa do aval de um Legislativo cioso em gastar e polarizado após um impasse sobre o inchaço do deficit fiscal quase culminar em um inédito calote americano.
“Temos estradas e pontes neste país que precisam de reforma, e temos 1 milhão de trabalhadores da construção civil sem trabalhar”, declarou Obama ontem em Detroit durante um evento organizado pela principal central sindical do país, a AFL-CIO. E jogou a bola para o Congresso, dominado pela oposição: “As empresas concordam, os trabalhadores concordam, só precisamos que o Congresso concorde”.
Esse trecho do discurso, segundo o próprio presidente, era uma “prévia” do que ele proporá na noite de quinta em sessão do Congresso. O plano será o primeiro a detalhar como Obama pretende lidar com a crise do emprego, que tem derrubado a confiança da população na economia, inibido o consumo e que é colocada por cada vez mais analistas como principal problema do país.
Outros pontos que devem ser incluídos no plano são o investimento em empregos na área de tecnologia e a extensão de um corte de impostos para a classe média, que expira no fim de ano, para incentivar o consumo.