Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Governo aperta o cinto e reduz chance de reajuste para o INSS


APOSENTADO 29/08/2011 21H29

Diário de SP

JUCA GUIMARÃES JUCA.GUIMARAES@DIARIOSP.COM.BR

A presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem com representantes das principais centrais sindicais do país e anunciou um aperto extra de R$ 10 bilhões nas despesas do governo para este ano. A medida vai dificultar ainda mais o aumento real, acima da inflação, para os cerca de 8,5 milhões de aposentados e pensionistas do INSS acima do piso previdenciário, hoje em R$ 545. O fim do fator previdenciário não entrou na pauta de discussão, deixando os aposentados indignados.

A meta do superávit primário, espécie de poupança que o governo faz para pagar dívidas públicas, subiu de R$ 117,9 bilhões para R$ 127,9 bilhões, saltando de 3% para 3,3% do PIB (Produto Interno Bruto).

No início do ano, Dilma já havia determinado um corte de R$ 50 bilhões nas despesas. No início deste mês, a presidente vetou uma previsão de aumento acima da inflação real para os aposentados na LDO (Leis de Diretrizes Orçamentárias), mas autorizou o aumento no soldo de 568 mil militares, aposentados e pensionistas das Forças Armadas para 2012. O índice não está previsto.

No dia 1º, os aposentados farão uma manifestação no Senado para exigir uma emenda no Orçamento que garanta um aumento acima da inflação equivalente a 80% do crescimento do PIB de 2010, que foi de 7,5%. Se for aprovado, esse aumento reivindicado pelos aposentados pode ser derrubado pelo governo com a justificativa de que essa despesa seria incompatível com a meta de superávit primário.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o aumento da reserva para o pagamento da dívida não deve interferir nos programas sociais do governo. “A medida é para impedir o aumento dos gastos correntes como aqueles criados pelo Congresso. Não vamos mexer nos programas sociais em andamento”, afirmou.

crise / O aperto de cinto nas despesas não agradou as entidades de aposentados. ” É uma vergonha não existir uma política de reajuste digno para os benefícios”, disse Warley Martins, presidente da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas).

Para o economista Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, a medida anunciada pela equipe econômica do governo pode aumentar os investimentos no país e a taxa de emprego. “O governo precisa controlar as despesas ou, pelo menos, fazer com que elas cresçam num ritmo menor. Isso vai aumentar o investimento público e atrair mais investimento privado”, afirmou o economista.

As centrais sindicais CGTB, CUT, CGT e Força Sindical, por outro lado, criticaram o governo. Para elas, o corte de gastos não é garantia de recuperação frente à crise mundial.