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Mantega diz que governo manterá o controle fiscal

Valor Econômico

Claudia Safatle

O governo “está mudando o mix da política econômica”, usando mais rigor fiscal e menos juros para controlar a inflação, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega ao Valor. Ele afirmou que o fortalecimento da política de controle do gasto público este ano foi exatamente nessa direção, a partir da decisão de cumprir a meta de superávit primário “cheia” – ou seja, sem deduzir os gastos com investimentos do PAC, de R$ 32 bilhões.

Mantega garantiu que essa é uma mudança permanente: “Vamos continuar nessa rota da solidez fiscal porque ela é importante principalmente em momento de instabilidade internacional”. Afirmou que como ministro da Fazenda buscará cumprir a meta fiscal integral durante todo o mandato da presidente Dilma Roussef e negou que haja decisão do governo de flexibilizar o gasto público em 2012, como publicou o Valor com base em informações de um ministro. “Só a presidenta e eu temos autoridade para falar sobre isso. O resto é especulação”, disse. “Eu trabalho para cumprir a meta cheia até 2014 e isso não vai sacrificar nenhum projeto de investimento. O custeio é que vai crescer menos”.

O ministro admitiu que houve momentos, no passado recente, em que “o fiscal conflitava com o monetário”, referindo-se a ocasiões em que o Banco Central elevava os juros para desaquecer a demanda e controlar a inflação e ao mesmo tempo o Tesouro expandia as despesas, aquecendo a demanda. Isso acabou.

“Mudamos o mix de forma permanente. Não é só por causa das turbulências externas. Acho que fica melhor assim, porque é mais barato para o Erário público e mais eficiente. Com isso, tenderemos a ter, no futuro, juros mais baixos, quando o BC achar que as condições são adequadas”, comentou, em sintonia com o que pensam muitos economistas.

Se por causa de uma recessão global – cenário cada dia mais provável – for necessário estimular a economia, a reação do governo deverá ser distinta do que foi em 2008: “Deveremos ter reação mais monetária (redução dos juros) do que fiscal (expansão do gasto)”. Mas se a situação for ainda mais grave, a ponto de derrubar a economia, “temos bala na agulha tanto no monetário quanto no fiscal. Não deixaremos a peteca cair”.