Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Rede de Trabalhadores na ArcelorMittal reúne-se em Contagem

Rede de Trabalhadores na ArcelorMittal Brasil demonstra mais uma vez unidade, solidariedade e companheirismo em encontro realizado em Contagem MG, na sede dos Metalúrgicos de BH e Contagem.

A Rede de trabalhadores da ArcelorMittal Brasil realizou reunião no dia 13 de julho em Contagem/BH. Depois de um bom seminário sobre PLR (Participação nos Lucros e Resultados), com a participação do DIEESE, os trabalhadores informaram a situação da negociação em cada unidade, para melhores negociações para os trabalhadores, se possível em conjunto.

Foi enfatizada a importância do seminário organizado pelo DIEESE no último encontro, os destaques foram às apresentações sobre a análise do balanço e das informações contábeis da ArcelorMittal e a tradução da entrevista do Sr. Mittal. Conforme relatos, ambos os documentos foram utilizados pelos sindicatos para contrapor os argumentos da empresa utilizados nas negociações de PLR.

Na reunião, foi solicitado ao DIEESE elaboração de uma planilha para acompanhamento das negociações de PLR que estão ocorrendo em cada planta da ArcelorMittal Brasil, inclusive as plantas APERAM.

A ArcelorMittal Brasil, há três semanas, está pressionando os sindicatos para negociarem rápido, porém os trabalhadores mantêm o seu compromisso de unidade. Poucos dias antes do encontro de 13 de julho, o Sindicato de BH e Contagem informou que a empresa estava realizando demissões (20% dos trabalhadores, ou seja, cerca de 300 colaboradores) do Setor Trefilaria/Fios, sem antes conversar com o sindicato.

Na reunião, discutimos a evolução da PLR e posteriormente participamos de uma reunião urgente com os representantes do RH da empresa.

Estavam presentes pela companhia o chefe de Recursos Humanos Gilberto Alvarenga, mais dois de seus assistentes, e três trabalhadores de um “conselho” de fábrica (quando questionados, se mostravam muito nervosos, porque eles são nomeados apenas pela empresa e não tem relações com o sindicato).

Além dos trabalhadores da Rede ArcelorMittal, estavam presentes representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de BH (o departamento jurídico e diretores) e o representante da FITIM Manuel Campos.

Ao solicitar informações à empresa sobre a situação atual e as razões para as demissões,  informaram que “apenas” haviam demitido 90 trabalhadores do setor administrativo da ArcelorMittal, em sua maioria aposentados. Agora estariam fazendo um estudo de mercado para o setor de Fios (“que está muito mal”), que “não sabiam como iria terminar”, para ver quantos seriam as demissões, mas que no setor trefilaria tendem a crescer.

Os argumentos apresentados pelo RH foram rejeitados a partir de dados levantados pelo DIEESE, no qual, através de entrevista de executivo do grupo à  Folha de SP, a ArcelorMittal afirma que neste ano investirá em um projeto de ampliação de 40% da capacidade produtiva de sua joint venture no Brasil com o grupo belga Bekaert.

O setor de trefilaria da ArcelorMittal Aços Longos receberá mais de R$ 130 milhões (US$ 81,3 milhões). O aporte é feito por meio da Belgo Bekaert Arames. Investimentos estes que visam atender ao aumento do consumo de aços longos projetado para os próximos cinco anos em torno de 9%. O foco está na fabricação de arames para pneus, que apresentou um crescimento de 15% em 2010 com relação a 2009, conforme dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – ANIP.

Em Cariacica – ES, os investimentos anunciados são da ordem de US$ 300 milhões, para aquisição de um terceiro laminador. Com o investimento, a capacidade anual de produção da planta aumentaria em 240 mil toneladas, passando das 600 mil toneladas anuais para 840 mil no final de 2012, ano previsto para inauguração do maquinário.

Já para a unidade de aços planos de Tubarão, a ArcelorMittal está investindo US$ 50 milhões na compra de um laminador de tiras a quente. Nesse caso, o aumento de capacidade produtiva previsto é das atuais 600 mil toneladas por ano para 4,6 milhões de toneladas anuais

O que comprova que as informações da empresa não correspondem às suas ações. Além disso, é inaceitável que a empresa, antes de terminar o estudo de mercado, cujos resultados não são conhecidos, pretenda demitir por precaução.

Desafiados por essas demissões, o Sindicato estava disposto para se sentar para encontrar soluções alternativas, se ficar comprovada a alegação da ArcelorMittal que o setor de trefilarias está desaquecido.

Solicitamos que conversem com a Rede de Trabalhadores e apresentem propostas, mas sem demissões. Comprometemos-nos a “considerar” a proposta.

A FITIM será informada sobre a situação para que acione a sede da ArcelorMittal na Europa e desta forma pressionar o grupo a rever as demissões, dado os bons resultados que o grupo tem alcançado na América Latina e em especial no Brasil.

* Para o dia 22 de agosto está agendado um encontro em Belo Horizonte da Rede ArcelorMittal Brasil na América Latina com o Chefe de recursos humanos para a América Latina, Ricardo Garcia. Neste encontro, serão apresentados os trabalhadores que compõem a Rede e discutir alguns temas centrais e o relacionamento entre ArcelorMittal Brasil/Rh e Sindicatos.

*  Depois de muita insistência, alguns representantes da rede latina America da AM enviaram os dados de seus representantes. Até agora os seguintes países enviaram suas informações: Brasil, Uruguai, Argentina e Marrocos (África).  Foi sugerida a FETIM que se estude a possibilidade de um novo encontro da Rede Latino Americana da AM.

ArcelorMittal tem até 30 de setembro para apresentar cálculos de sua dívida no processo da “meia-hora”

O Tribunal Regional do Trabalho divulgou, no último dia 30, decisão estabelecendo prazo de 90 dias para que a ArcelorMittal apresente os cálculos referentes ao pagamento do que ela deve aos trabalhadores no processo de intervalo de repouso e alimentação (ou da “meia-hora”, como ficou mais conhecido entre a categoria). Este período de três meses vence no dia 30 de setembro.

Trata-se de uma prorrogação, em atendimento a pedido da empresa, que, antes, já havia recebido 10 dias para o mesmo fim. Agora, a ArcelorMittal pode pedir mais prazo ainda, mas, normalmente, a Justiça só determina nova data se as razões apresentadas pelo réu (no caso, a siderúrgica) forem muito convincentes.

Colaboração: Roberto Anacleto (SS DIEESE CNTM) e Manuel Campos (FITIM).