Juliana Cavalcanti
Adesão de operários ao movimento no canteiro de obras em Suape chega a 90% da categoria
A paralisação na obra da Refinaria Abreu e Lima, em Suape, iniciada na última sexta-feira pelos operários que atuam no consórcio Conest (formado pela Odebrecht e OAS) ganhou a adesão de outros trabalhadores e já atinge 90% das atividades no canteiro de obras. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (Sintepav-PE), cerca de 21 mil profissionais, dos 30 mil que trabalham na obra da refinaria, paralisaram as atividades desde ontem.
O movimento começou há um mês, após protestos dos 4.822 funcionários da Conest. Foi suspenso com o início da mediação das negociações entre patrões e empregados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-PE) e retomado na última sexta-feira, sem que os operários aceitassem os acordos feitos entre representantes da categoria e das empresas.
´Dos treze pontos da pauta, conseguimos avançar em onze, mas faltava a questão da hora extra do sábado e do vale alimentação. Infelizmente os trabalhadores não aceitaram as conquistas alcançadas agora, que poderiam levar a uma flexibilização daqui a três meses, quando começam as discussões da data-base. Acredito que o Ministério Público cumpriu o papel social de fazer a mediação`, considerou o promotor Waldir Bitu Filho.
Após acompanhar a assembleia dos funcionários da Conest ontem de manhã, o MPT-PE decidiu cancelar a audiência que ocorreria à tarde e começou a produzir o parecer que será apresentado ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT 6ª Região), amanhã, quando será julgada a legalidade da greve.
Com a adesão dos trabalhadores de outros consórcios que atuam no canteiro de obras da Refinaria Abreu e Lima, a questão deixou de ser negociada apenas pela Conest e passou para o âmbito do Sindicato da Indústria de Construção Pesada (Sinicon) – que ontem acionou a Justiça pedindo a ilegalidade da greve. A primeira audiência desta ação também deve acontecer amanhã.
´A posição do Sinicon é pela ilegalidade e pelo desconto dos dia parados. A partir do momento que não houve notificação sobre a paralisação e que não foi entregue uma pauta de reivindicação, entramos com o pedido na Justiça. As empresas esperam que o TRT reconheça a ilegalidade e que seja retomada a normalidade da obra`, afirmou Margareth Rubem, advogada que representa o Sinicon.
O Sintepav, através do setor de comunicação, reconhece que as negociações voltaram ao ponto inicial e reafirma que os trabalhadores acharam as propostas insuficientes. O sindicato vai esperar a decisão da Justiça para se pronunciar. Os pontos discordantes da pauta reivindicada são R$ 160 de vale-alimentação e hora extra a 100% aos sábados. A mediação do Ministério Público conseguiu reajuste de R$ 80 para R$ 130 no vale-alimentação e o pagamento de 70% para 80% do valor da hora extra aos sábados.