Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Amazonas pode integrar mercado global em softwares

Por Felipe Maeda Camargo em 14/março/2011

O interior do estado do Amazonas tem condições de participar do mercado mundial de desenvolvimento de softwares (programas para computadores). Essa afirmação é do analista de sistemas Danny de Souza Lopes, que apresentou em sua dissertação de mestrado pela Escola Politécnica (Poli) propostas para tornar o estado um desenvolvedor de softwares.

O governo estadual deu o primeiro passo ao criar cursos superiores em tecnologia

Segundo Lopes, o primeiro passo já foi dado pelo governo estadual, que tem realizado investimentos em educação com a oferta de ensino superior em tecnologia para seus municípios. “A ideia seria aproveitar as cidades que já participaram do projeto do governo que levou o ensino superior técnico à região”, diz.

Contudo, o analista comenta que esses novos técnicos estão sem mercado para trabalhar em seus municípios. “Muitos se formam e não acham mercado de trabalho em suas cidades, sendo obrigados a migrarem para Manaus, onde tem melhor estrutura”. Assim, Lopes sugere que se crie uma estrutura apropriada nos outros municípios, de modo que dê continuidade à formação do aluno.

A partir da integração com o ensino superior, a pesquisa sugere um treinamento em Desenvolvimento Global de Software (DGS), que ocorre quando duas ou mais equipes separadas em diferentes nações atuam colaborativamente em projetos comuns. Seria um modelo em que as cidades amazonenses atrairiam empresas desenvolvedoras de softwares, ao mesmo tempo em que impulsiona suas economias.

Nele, os alunos dos cursos técnicos teriam de fazer um estágio em alguma entidade (governo ou iniciativa privada) atuante no mercado de softwares. Fora o estágio, Lopes afirma que esses futuros profissionais precisam adquirir também outras experiências, que pode ser por projetos simulados e estudos de casos. Além disso, dentro do treinamento em DGS, o analista acredita ser essencial a capacitação em idiomas para a atuação no mercado global, principalmente na língua inglesa.

“O objetivo principal neste treinamento é mostrar para o profissional seu papel, sua importância dentro do projeto de desenvolvimento distribuído de software e como ele poderá contribuir indiretamente para alavancar a economia local”, comenta.

Infraestrutura
Em sua dissertação, o analista ainda aponta os principais problemas enfrentados no estado para concretização desse projeto. Ele observa que há muito a ser feito em infraestrutura física e tecnológica.

Entre os problemas de infraestrutura física, Lopes destaca a questão do transporte: “É necessário melhoria urgente no sistema de transporte local, visto que muitos municípios possuem acesso limitado, sem aeroportos adequados e sem vias de acesso terrestre”.

Outro investimento a ser feito se refere à provisão de energia elétrica suplementar, para evitar indisponibilidade de recursos energéticos. “Além disso a rede elétrica deve ser estável, para evitar danos e perdas de equipamentos e até mesmo dados”, acrescenta o analista. Quanto à infraestrutura tecnológica, faltam diversos recursos, entre eles uma internet mais rápida e estável e um sistema de telefonia eficiente.

A dissertação de Lopes foi defendida no Departamento de Engenharia Elétrica da Poli, com orientação do professor Edison Spina e com financiamento da Fundação Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (FUCAPI). O analista ainda não deu continuidade à pesquisa, mas conta que foram sugeridas algumas oportunidades, como a realização de parcerias interinstitucionais para o desenvolvimento de projetos-piloto aplicando os fundamentos do DGS.