Pacote subiu em 16 de 17 capitais, e brasileiro trabalhou 94 horas só para comprar comida
Do R7
Os paulistanos pagaram o maior valor pela cesta básica no Brasil em outubro: R$ 253,79. O preço do pacote de 13 produtos essenciais voltou a ser o maior entre as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), superando Porto Alegre (RS), que estava no topo desde agosto.
Segundo o levantamento mensal, divulgado nesta quinta-feira (4), o preço da cesta em São Paulo ficou em R$ 241,08 no mês passado. A capital gaúcha viu o preço da cesta passar de R$ 243,73, em setembro, para R$ 247,21.
Curitiba (R$ 231,96), Vitória (R$ 231,26), Florianópolis (R$ 230,85) e Rio de Janeiro (R$ 230,13) também aparecem no topo da lista das cestas mais caras. As mais baratas foram encontradas em Aracaju (R$ 172,04), João Pessoa (R$ 186,34) e Fortaleza (R$ 193,38).
O Dieese verificou que, entre setembro e outubro, os preços dos produtos ficaram maiores em 16 das 17 capitais analisadas. Somente em Aracaju (SE) houve queda (-0,67%); em Manaus (AM), o custo do pacote subiu pouco (0,23%).
Em quatro cidades, o aumento superou os 5%; em três, o aumento ficou entre 4% e 5%. As maiores altas ocorreram em Curitiba (5,78%), Goiânia (5,64%, com a cesta indo de R$ 217,66 para R$ 229,93) e Belo Horizonte (5,50%, onde o pacote passou de R$ 217,66 para R$ 229,64).
O tempo de trabalho necessário para conseguir a grana do pacote aumentou para 94 horas e 11 minutos. Em setembro, 91 horas de trabalho bastavam; mas em outubro de 2009, eram necessárias 97 horas. Considerando uma jornada média de trabalho de oito horas por dia, o brasileiro gastou quase 12 dias de serviço só para se alimentar no mês passado.
O Dieese diz que, com o preço da cesta básica de SP, o trabalhador deveria ter um salário mínimo de R$ 2.132,09 para poder comprar alimentos e ainda suprir as despesas de sua família com moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
O “salário mínimo real” representa 4,18 vezes o mínimo em vigor (de R$ 510). Em setembro, essa estimativa era de R$ 2.047,58. Em setembro de 2009, o mínimo foi estimado em R$ 2.085,89, o que representa 4,49 vezes o menor salário de então (de R$ 465).
Vilões da cesta básica
Entre os produtos que mais aumentaram de preços estão o feijão, que ficou mais caro em todas as capitais pesquisadas – com aumentos que passaram dos 10% em 13 delas; a carne, produto de maior peso no custo da cesta alimentar, aumentou em 16 capitais; o óleo de soja e o açúcar, que encareceram em 14 cidades; o leite, que subiu em 12 capitais; e o pão, que aumentou em 11.
– O feijão foi o produto que mais influenciou na elevação do custo da cesta básica. A prolongada seca que provocou o atraso no plantio da safra das águas e a falta de estoques do produto foram os causadores da alta dos preços.
No caso da carne, o aumento da demanda externa e a seca reduziram o plantel do gado bovino, “tendo como efeito a alta da carne e do preço do leite”. Já o trigo tem um problema com a safra brasileira, que não é suficiente para abastecer o mercado do país, que acaba tendo que importar o produto pagando o preço do mercado internacional, o que se reflete em um aumento nos preços do pão.
Veja quem paga mais pela cesta básica