Protesto é contra projeto que eleva de 60 para 62 anos idade mínima para se aposentar e a 67 anos para pensão integral
Greve afeta aeroportos, trens, refinarias e escolas; governo diz que reforma é fundamental para financiar pensões
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Ruas das cidades francesas foram tomadas ontem por manifestantes em greve contra a reforma previdenciária proposta pelo governo.
Os trabalhadores contestam a medida que prevê aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima para aposentadoria. A medida entra na fase final de votação nesta semana. Eles também questionam a alteração da idade para o recebimento do valor integral da aposentadoria, de 65 para 67 anos.
A paralisação afetou trens, aeroportos, escolas, refinarias e transportes públicos municipais do país.
Líderes sindicais calculam ter mobilizado cerca de 3,5 milhões de pessoas, número maior que as 3 milhões apontadas na última manifestação, no fim de setembro.
O governo aponta 1,2 milhão de trabalhadores -também maior que as últimas manifestações. Os piquetes paralisaram cerca de 50% dos voos no aeroporto de Orly, e 30% no Charles de Gaulle -o maior da capital.
Mais de 60% dos trens de Paris para o interior foram interrompidos e parte das rotas também foi afetada. A greve paralisou 11 das 12 refinarias do país, gerando um temor sobre racionamento de combustíveis.
GOVERNO
Em meio aos atos de reivindicação, o primeiro-ministro francês, François Fillon, reforçou a posição do governo e garantiu que não recuaria da proposta.
“Escutamos, respeitamos as manifestações, mas quero dizer com toda a força que estamos decididos a levar a reforma até o fim”, apontou.
Fillon esclareceu que levará a reforma adiante porque “é razoável, justa”. Além disso, afirmou que ela “comporta ajustes sociais” e é “indispensável para financiar as pensões”.
Nas assembleias realizadas durante o dia de ontem, os grevistas revidaram a firmeza do governo francês exortando os manifestantes a manter a paralisação por “dias ou até semanas”.
A onda de protestos deflagrada na França marca a série de manifestações populares na Europa contra medidas de austeridade adotadas pelos governos.
No final de setembro, a Espanha vivenciou uma greve geral que paralisou até 70% dos trabalhadores do país, segundo os sindicatos.
Os grevistas protestavam contra o corte de 8% no orçamento público.