Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Inflação reduz ganhos de trabalhadores

Segundo o Dieese, a parcela das negociações salariais com ganho real no primeiro semestre é a menor em dois anos

Levantamento mostra que 73,5% das categorias conseguiram aumento superior à inflação; um ano antes, haviam sido 87,1%

DENYSE GODOY

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da inflação reduziu o número de categorias trabalhistas que obtiveram reajustes reais ou a reposição da alta de preços no primeiro semestre do ano. Das 309 negociações acompanhadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) no período, 12,3% obtiveram a reposição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), enquanto 73,5% lograram aumentos maiores e 14,2% tiveram que se contentar com reajustes menores. Em 2007, 87,1% haviam obtido aumento superior ao INPC, 9,5%, igual, e 3,4%, abaixo do índice.

“A explicação para essa queda está justamente na inflação, que passou do patamar médio de 4% no ano passado para o de 6%”, diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador técnico do Dieese. “Fica mais difícil alcançar aumentos reais.”

Entre os trabalhadores que tiveram reajustes reais, a maior parte recebeu até dois pontos percentuais acima do INPC. Dos que não chegaram a obter a reposição da inflação, a maioria conseguiu aumentos no máximo um ponto percentual abaixo do índice medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “É uma diferença pequena, portanto”, salienta Silvestre.

Os percentuais dependem também do poder de barganha da categoria, o que está relacionado ao grau de organização do seu sindicato e à produtividade do setor. Por esse motivo, maior sucesso tiveram os operários da indústria, onde 81,3% das negociações resultaram em reajustes superiores à inflação. No caso dos comerciários, o índice foi semelhante, de 80%. Os profissionais do segmento de serviços, no entanto, apenas em 64% das suas negociações tiveram aumentos reais.

No Sul e no Centro-Oeste, foram registrados os melhores resultados: 85,7% das campanhas na primeira região e 84,6% na segunda tiveram aumento real. Os piores foram vistos no Norte, com 62,5% de acordos acima do INPC.

Perspectivas

“O cenário no país é positivo, mas o crescimento das vendas e dos lucros das empresas não necessariamente está se traduzindo em melhoria de salários”, destaca Silvestre. “Isso significa que ainda há bastante espaço para avanços.”

Na avaliação do técnico do Dieese, como a economia promete seguir em passo rápido, as categorias cujas datas-base se encontram no segundo semestre podem negociar aumentos maiores.

Para Luiz Carlos Prates, o “Mancha”, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e integrante da central sindical Conlutas, o resultado da primeira metade foi “pífio” e acende “luz vermelha” no movimento. “Os números do painel do Dieese referem-se apenas aos trabalhadores mais organizados. E os demais? Os sindicatos não estão lutando o suficiente, precisamos de mais esforços para virar o jogo daqui para a frente.”