Um dos principais sindicatos da Força Sindical, dos metalúrgicos de São Paulo, realiza hoje uma manifestação em frente ao edifício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pela redução da carga semanal de trabalho para 40 horas. Liderados por Paulo Pereira da Silva, presidente da Força e deputado federal pelo PDT, os dirigentes apostam na aprovação ainda neste primeiro semestre do projeto de emenda constitucional (PEC) que tramita no Câmara de Deputados. “O empresariado paulista trava as negociações no Congresso e ignora nossa pauta de redução da jornada, então, nada mais natural que promover uma manifestação, avisando que, no limite, entraremos em greve”, diz Miguel Torres, presidente do sindicato.
Nos primeiros três meses do ano, o sindicato já obteve 25 acordos com empresas, que aceitaram reduzir a carga semanal de 44 horas para 40 horas de forma gradativa. Segundo levantamento do sindicato, os acordos beneficiam ao todo 5,8 mil trabalhadores. Torres afirma que o sindicato enviou à Fiesp, no começo de março, um documento que lista o desejo da categoria de diminuir a jornada. “Não obtivemos resposta até agora. A Fiesp, que tem comissão e realiza reuniões para todo tipo de assunto, não se mobilizou para discutir a pauta das 40 horas”, diz. A manifestação espera reunir 20 mil trabalhadores.
Hoje também, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promove entrevista coletiva em sua sede, na região central de São Paulo, para anunciar o formato das manifestações do 1º de Maio. Segundo o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos, a central quer “se afastar da ideia vigente no movimento, de que o 1º de Maio é uma grande festa”. Segundo Santos, “a ideia de pensar o mundo do trabalho no feriado foi completamente esvaziada pelos shows de artistas populares”.
A CUT promove seminário, no dia 30, com participação do ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, do senador Aloizio Mercadante (PT), e dos secretários-gerais da Central Sindical Argentina (CTA) e Haitiana (CTH), Hugo Yasky e Paul Loulou Chery, respectivamente. O evento ocorre no Memorial da América Latina, em São Paulo, onde, no dia 1º de maio, será realizada feira gastronômica, lançamentos de livros e atrações artísticas, com shows de Milton Nascimento e Carlinhos Brown. Com nome de “1º de Maio latino-americano”, a CUT espera receber delegações sindicais de 20 países da região. O evento, para cerca de 40 mil pessoas – menos que os habituais 1 milhão que frequentam os shows na avenida Paulista – e o aluguel do Memorial foram financiados por recursos da CUT e de cinco patrocinadores: Petrobras, Caixa Econômica Federal, Eletrobras, Embraer, BNDES e Braskem.
Ontem, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), inaugurou nova sede no Recife, em cerimônia com participação do senador Raul Jungmann (PPS). A UGT foi a única entre as seis centrais legalizadas que não participou de evento do PT realizado na sede do sindicato dos metalúrgicos do ABC, no sábado. Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT, a entidade ainda não definiu quem apoiará nas eleições de outubro. Segundo fontes do movimento sindical, há forte influência do PPS – que apoia a candidatura de José Serra (PSDB) – na central. (JV)