Cibele Gandolpho
Do Diário do Grande ABC
Os trabalhadores da empresa de autopeças Polimetri, de Mauá, paralisaram as atividades ontem à tarde após acidente de trabalho com um ferramenteiro. Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Geovane Corrêa de Souza, por volta de 14h, testemunhas contaram que a ponte rolante onde o funcionário – identificado apenas como Samuel, – trabalhava caiu e uma peça que estava sobre ela escorregou, esmagando a perna do operador.
“Temos informações de que vários acidentes, alguns até graves, têm ocorrido na empresa. Um dos trabalhadores contou que uma máquina está vazando óleo há cinco dias e a manutenção não é feita. Aliás, a falta de manutenção parece ser algo constante por aqui”, disse Souza.
O resgate do funcionário, que tem por volta de 25 anos, foi feito com o helicóptero da Polícia Militar devido à gravidade do caso. “São mais de 1.000 trabalhadores e não há ambulância no ambulatório da empresa. Ainda não sabemos se ele terá de amputar a perna, mas os colegas que viram o acidente contaram que a perna ficou muito feia”, contou o sindicalista. “Os demais funcionários foram dispensados porque não havia clima para continuar na empresa.”
Souza afirma que hoje os empregados da Polimetri voltam normalmente ao trabalho mas o sindicato vai marcar assembleia entre os funcionários e com a Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) para avaliar as condições de segurança no trabalho e resolver o que precisa ser mudado. “Nestas condições não há como trabalhar tranquilo porque os riscos são comuns”, disse Souza. Procurada pelo Diário, a Polimetri não retornou as ligações até o fechamento desta edição.
Terceirizados são demitidos na mesma tarde da fatalidade
Após serem dispensados pela Polimetri ontem, por conta do acidente com o funcionário Samuel, os demais trabalhadores voltaram para casa e alguns deles foram avisados por telefone que estavam demitidos.
Apesar de não conseguir confirmar a informação com a própria Polimetri, o Diário conversou com um dos trabalhadores terceirizados. O ex-funcionário estava na Polimetri há quatro meses e atuava na área de soldagem. “Cheguei em casa e recebi uma ligação da empresa que me contratou dizendo que a Polimetri não queria mais o meu serviço e de vários outros colegas”, revela.
Hoje, ele está convocado a comparecer na firma terceira para encerrar o contrato. “Não disseram o motivo, mas todos os trabalhadores que foram demitidos estavam do lado de fora após o acidente do Samuel.”