Marcelo Rehder
Além do aumento da pressão no Congresso Nacional, as centrais sindicais resolveram negociar a redução da jornada diretamente com as empresas e setores empresariais. Aquelas que se recusarem a negociar, os sindicalistas ameaçam com greves e paralisações a partir da segunda metade deste mês.
O movimento será iniciado pelos metalúrgicos de São Paulo, cujo sindicato é ligado à Força Sindical. Segundo o presidente do sindicato, Miguel Torres, as empresas estão sendo notificadas e em algumas delas as negociações já estão bem avançadas.
“Vamos parar as empresas que se recusarem a negociar. Isso já está decidido, como uma bandeira de luta”, disse Torres.
O “plano de lutas” será definido em cada categoria profissional, dentro de cada central sindical, explicou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
Ele informou que, no próximo dia 12, as centrais sindicais deverão entregar um documento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo propondo a abertura de negociações para a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. “Essa negociação será geral, para todas as categorias”, explica Juruna.
Os sindicalistas afirmam que a redução da jornada tem de ser decidia ainda este ano. “Não é nem por causa do clima eleitoral, mas porque essa discussão já está madura, está em pauta desde 1988”, disse Torres.
Segundo ele, o aumento de produtividade das indústrias desde 1988, quando a jornada de trabalho foi reduzida de 48 para 44 horas semanais, foi “brutal” nas empresas. “O momento é propício, já que estamos passando por uma fase de crescimento.” O sindicalista disse ainda que os trabalhadores sabem das dificuldades de mexer na jornada de trabalho. “É muito mais difícil que mexer em salários, mas vamos ter que mexer, porque é preciso”, disse Torres.