IABr apresentou projeções do setor a Lula ontem
Adriana Chiarini e Leonencio Nossa
O setor siderúrgico prevê investimentos de US$ 39,8 bilhões até 2016, segundo projeção apresentada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Instituto Aço Brasil (IABr). Com isso, a capacidade instalada da siderurgia nacional vai aumentar de 42 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas de aço bruto. Em nota, o instituto disse ver perspectivas positivas para o setor nos próximos anos.
Um dos motivos para o otimismo, segundo o instituto, é a projeção de uma demanda adicional de até oito milhões de toneladas até 2016 pelos investimentos no programa Minha Casa, Minha Vida, no setor de petróleo e gás e das ações de preparo para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016.
O acréscimo estimado de demanda, porém, poderia ser suprido com a capacidade que já existe. Por isso, na audiência com Lula ontem em Brasília, os conselheiros do IABr disseram que a indústria brasileira do aço se considera plenamente capacitada para atender a esse aumento. O IABr estima que, em 2010, a produção seja de 33,2 milhões de toneladas, com folga em relação à capacidade instalada esperada para o fim do ano de 43,5 milhões de toneladas.
Em meio às ameaças do governo em reduzir o imposto para importação de aço, os empresários também apresentaram ao presidente Lula uma série de números para mostrar que o setor não é responsável pela inflação de preços de produtos acabados, especialmente dos eletrodomésticos da linha branca e dos veículos. Em entrevista, após a audiência, o presidente do IABr, Flávio Azevedo, disse que os aumentos de preços que ocorreram no Brasil foram puxados pela crise internacional e pela elevação dos preços no mercado externo.
“O setor tem sido imputado como agente inflacionário, quando, na verdade, não é”, disse Azevedo. Ele relatou ter mostrado a Lula, à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao secretário executivo da Fazenda, Nelson Machado, um trabalho feito por um laboratório sobre o peso do aço no preço final dos produtos. Segundo ele, o laboratório contratado pelo instituto desmontou um veículo e constatou que 50% do peso do carro era aço e que o aço corresponde a de 6% a 8% do preço total do veículo. No caso de produtos da linha branca como fogão e geladeira, o aço corresponde de 10% a 15% do peso. Segundo ele, outros componentes tiveram participação maior que o aço para o aumento dos preços desses produtos.
Lula, segundo o presidente da Usiminas, Marco Antonio Castello Branco, reclamou que o setor não estava participando do programa Minha Casa, Minha Vida. Os empresários, então, devolveram a queixa de Lula reclamando da “cultura” da Caixa Econômica Federal de não financiar, por exemplo, casas de estrutura metálica.