
A Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, presidida por Eliseu Silva Costa, em parceria com a CNTM, através de sua Secretaria de Políticas para Diversidade, Inclusão Social e Promoção da Igualdade, sob a coordenação de Rosemary Prado, realizou o Seminário “Igualdade Racial no Mundo do Trabalho”, com a finalidade de debater e aprofundar caminhos de consciência e ação social contra as discriminações existentes em nossa sociedade e entrentar as desigualdades no mundo do trabalho a partir de ações sindicais concretas, entre elas a inclusão de cláusulas de equidade racial nas Convenções e nos Acordos Coletivos e a adesão ao Pacto Nacional pela Igualdade Racial no Trabalho, por meio da assinatura de uma carta-compromisso.
O evento, realizado nesta quinta, 15/05/2025, na Colônia de Férias da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, em Praia Grande/SP, das 8 às 18h, contou com as parcerias institucionais do CDESS do governo Lula (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável – Conselhão), da ASSESPRO (Confederação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) e do Grupo Potências Negras.
Opinião – O presidente Miguel Torres (Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo) lembra que a escravidão no Brasil durou quase 4 séculos, que o tempo passou, mas a herança deixada por este período ainda não foi plenamente superada, e que somos ainda um dos países mais desiguais do mundo e o racismo persiste entre nós.
“Basta observarmos com atenção as oportunidades no mercado de trabalho, a distribuição de renda, o percentual da população carcerária e as condições desiguais de moradia, entre outras condições sociais, econômicas, políticas e culturais. Portanto, precisamos unir cada vez mais todos os esforços, tanto dos governos federal, estaduais e municipais, na adoção de políticas públicas de combate às desigualdades e à discriminação racial, quanto da sociedade como um todo, incluindo os setores produtivos, o mundo do trabalho e o movimento sindical”.
Sobre o Glossário às Avessas, como material formativo de educação, Miguel Torres diz que a publicação promove o debate para mudanças estruturais necessárias para nossa sociedade. “Nosso objetivo é trazer para a reflexão e campo de atuação do movimento sindical a temática da diversidade com recorte de gênero e raça. Vamos trabalhar para que nossas campanhas salariais garantam, nas negociações e nos acordos coletivos, não apenas os necessários aumentos salariais, mas também a adoção permanente do trabalho decente, da inclusão social e da igualdade, incluindo a igualdade racial. Chega de racismo no mundo do trabalho! A luta faz a lei!”, conclui Miguel Torres.
Para Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e conselheira do CDESS, é fundamental que o compromisso com a pauta antirracista vá além dos discursos. “Precisamos de práticas concretas e exitosas que demonstrem à sociedade e aos atores envolvidos que é possível fortalecer a democracia com base na justiça e na equidade. O mercado de trabalho tem que ser um espaço de respeito e oportunidade para todos, independentemente de raça, gênero, deficiência ou identidade”, afirmou.
Dados recentes do Dieese apontam que, entre as dez profissões mais bem remuneradas, os negros ocupam apenas 27% dos postos, enquanto são maioria (mais de 70%) nas ocupações de menor rendimento. O cenário é ainda mais crítico para as mulheres negras: uma em cada seis está empregada como trabalhadora doméstica, com renda per capita inferior a R$ 416. Para Mônica, isso revela um processo claro e contínuo de exclusão, que impacta não só o trabalho, mas também saúde, moradia e educação.
Durante o evento, aconteceu o lançamento oficial do Glossário às Avessas, um material pedagógico que reúne termos e expressões de uso cotidiano que carregam conteúdo racista. A proposta é usar o glossário como ferramenta de formação de dirigentes e assessorias sindicais em letramento racial. A assessora do CDESS, Rosângela Hilário, destacou que “a linguagem tem papel crucial na reprodução da desigualdade. Muitas expressões naturalizadas perpetuam a exclusão da população negra também no ambiente profissional.”. O Glossário traz termos que devem ser evitados para o bem-estar de todos no ambiente do trabalho.
Além disso, está sendo apresentado um grupo de trabalho permanente, que atua em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas para a Diversidade. O grupo coordena ações, formações e debates voltados ao enfrentamento do racismo nas estruturas laborais, com ênfase no treinamento de formadores para atuação nas bases territoriais da CNTM.
Com isso, o seminário marca um avanço no compromisso interinstitucional com a construção de um mercado de trabalho mais justo, inclusivo e antirracista, reconhecendo que o enfrentamento das desigualdades raciais exige ações contínuas, estruturais e monitoradas.
O diretor João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical, participou da abertura do evento e ressaltou que é possível ver que os negros e negras são aqueles mais prejudicados por causa da história e que a busca de políticas públicas que o governo tem feito para melhorar essa situação tem surtido efeito positivo.
“Ao melhorar a educação, a saúde e a distribuição de renda contribui significativamente para diminuir essa desigualdade e as pesquisas demonstram isso. O movimento sindical dá um passo importante ao colocar, como debate nas nossas convenções políticas de apoio dos salariais essa busca também de reparar essas divisões que houveram na nossa história”, afirmou Juruna.
Fontes: Assessoria de Imprensa da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Federação dos Metalúrgicos do Estado de SP, site Rádio Peão Brasil e matéria: Conselhão articula seminário com centrais sindicais para promover igualdade racial no mundo do trabalho

Rosemary, Eunice, Jô e Mônica

Eliseu e Vicentinho
