Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Metalúrgicos de São Paulo/SP

Entrevista com Miguel Torres, presidente do Sindicato de SP

“REALIZAMOS UM CONGRESSO UNITÁRIO, FORTE E PARTICIPATIVO”

Paulistano de Santo Amaro, ativista sindical há 30 anos e sócio do Sindicato desde 1982, Miguel Torres tem longa folha de serviços à categoria metalúrgica, especialmente nas atividades de formação sindical e organização de delegados. Miguel começou como diretor suplente em 1997, sendo eleito secretário-geral em 2004. Assumiu a presidência após a morte de Eleno José Bezerra, em setembro de 2008. Em dezembro do mesmo ano elegeu-se presidente do Sindicato, com 96,3% dos votos.

o metalúrgico – Miguel, o Sindicato acaba de realizar o 11º Congresso, com 1.300 delegados. Que avaliação você faz?

Miguel Torres – Foi, com certeza, um dos mais importantes desde a 1ª Conferência, em 1956. Avalio que os temas do Congresso, ou seja, Emprego, Direitos e Cidadania, foram compreendidos pelos delegados e debatidos com profundidade. A vibração nos quatro grupos, durante os debates, foi intensa, gerando propostas, moções e resoluções de altíssima qualidade. Minha expectativa foi superada.

o metalúrgico – E como as deliberações do Congresso serão postas em prática?

Miguel Torres – Durante os três dias, os delegados fizeram propostas, elogiaram a atuação do Sindicato e também fizeram críticas construtivas. Tudo isso será levado em conta, rigorosamente, pelo Sindicato. A diretoria tem o compromisso de implementar as deliberações do Congresso. E faremos isso com o apoio dos delegados nas fábricas.

o metalúrgico – E qual será o papel efetivo dos delegados de agora em diante?

 

Miguel Torres – O delegado é a continuação da diretoria dentro de cada fábrica. A luta por emprego, aumento, equiparação salarial, Participação nos Resultados, redução constitucional das 40 horas e mais segurança será feita em conjunto com os delegados. Eles é que vão orientar as ações da diretoria no chão da fábrica.

“A diretoria tem o compromisso de implementar as deliberações do Congresso. E faremos isso com o apoio dos delegados nas fábricas.”



o metalúrgico – Entre as deliberações do Congresso, o que você destaca como de suma importância?

Miguel Torres – Todas as contribuições são importantes. Mas eu destaco duas delas. A luta para assegurar aos delegados a proteção contra a demissão imotivada, como prevê a Convenção 158 da OIT, e a conquista das 40 horas semanais, sem redução de salário.

o metalúrgico – No segundo semestre, teremos campanha salarial, e o 11º Congresso debateu esse tema. O que ficou decidido?

 

Miguel Torres – Nas palestras do Dieese e do companheiro Juruna, ficou claro que enfrentaremos uma conjuntura pior que a de 2008. Mas também foi demonstrado que o pior da crise já passou e setores importantes estão com a produção no pico. Nós vamos buscar aumento real e a ampliação das nossas conquistas, até porque a negociação coletiva deste ano inclui as cláusulas sociais das Convenções. Precisamos, mais do que nunca, de uma boa organização na base e engajamento dos metalúrgicos na campanha salarial.

o metalúrgico – Um dos temas foi sobre participação política e cidadã. Você acha que o Congresso trouxe avanços nesse sentido?


Miguel Torres –
Sem dúvida. Os grupos travaram altos debates sobre política e cidadania e deliberaram. Uma das deliberações foi levar para os bairros a discussão do zoneamento da cidade e a garantia da permanência das indústrias em São Paulo. Outra deliberação unânime foi pela reeleição do companheiro Paulinho a deputado federal, reconhecendo sua grande atuação no Congresso Nacional em benefício da classe trabalhadora.


o metalúrgico – Ficou visível durante o Congresso a preocupação com o resgate da história do Sindicato. Por quê?

 

Miguel Torres – Nosso Sindicato tem 77 anos e uma história de grande participação na vida trabalhista, econômica, social e política do País. Queremos relembrar, recuperar e articular essa história, em respeito à nossa própria memória e para orientar as lutas atuais e futuras.É muito importante que os jovens metalúrgicos conheçam as lutas do passado e se orgulhem da tradição metalúrgica.Por exemplo: a primeira grande reunião pública sobre as eleições diretas para presidente da República foi feita em nossa antiga sede, na rua do Carmo, em janeiro de 1984.

o metalúrgico – Um Congresso desse porte, de um Sindicato dessa importância, que resgata o passado, avalia o presente e projeta ações futuras, que reflexos têm sobre as lutas sindicais e sociais do País?

Miguel Torres – Os metalúrgicos têm o direito de buscar uma influência cada vez maior na vida nacional. Portanto, um Congresso desse porte, com participação intensa, deliberações efetivas e com o peso político das autoridades que prestigiaram o evento, tem um valor histórico. Não tenho dúvida de que estaremos ajudando não só os metalúrgicos, mas sim na construção de um País com emprego, renda, inclusão e justiça social.

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