Usina, que será feita em parceria com a colombiana Acesco, será a segunda do grupo no país.
Ricardo Grinbaum
O Grupo Votorantim vai anunciar hoje seu plano de construir uma usina siderúrgica na Colômbia. Em sociedade com o grupo Acerías de Colombia (Acesco), o Votorantim planeja investir US$ 1,5 bilhão na cidade de Barranquila, na costa do Caribe. A siderúrgica vai fabricar aços planos, muito usados na construção civil e pela indústria automobilística e de eletrodomésticos.
Com uma capacidade de produção de 1,4 milhão de toneladas por ano, a nova usina será capaz de abastecer sozinha todo o mercado colombiano, mas ainda está longe de uma CSN ou uma CST, que podem produzir pelo menos 3,5 vezes mais.
Metade da produção da siderúrgica será destinada ao mercado colombiano e o resto será exportado para a América Central, Caribe e, principalmente, Estados Unidos – possivelmente em condições privilegiadas. A Colômbia fechou acordo de livre comércio com os EUA, mas que ainda depende da aprovação do Congresso americano.
Essa será a segunda siderúrgica do Votorantim na Colômbia. No ano passado, o grupo comprou 52% das ações da Acerías Paz del Rio, por US$ 491 milhões, num leilão que durou quase cinco horas e envolveu alguns dos maiores grupos siderúrgicos do mundo, como a Arcelor Mittal e a Gerdau. A Paz del Rio produz do minério e do carvão ao aço.
A Colômbia foi escolhida como um endereço preferencial do Votorantim porque o país cresce muito, importa quase todo o aço que consome, e tem localização geográfica privilegiada para exportar para os EUA e Europa. Além de estar fechando um acordo livre comércio com os EUA – o que evitaria as restrições sofridas pelas siderúrgicas instaladas no Brasil -, a Colômbia fez um grande esforço para atrair o investimento.
O presidente Álvaro Uribe vai criar uma zona franca na área da siderúrgica para isentar de impostos a importação de máquinas e abater o imposto de renda de 33% para 15%.
“Esse contrato terá duração de 10 a 15 anos, ou até mais, para que não possa ser rompido por questões políticas”, disse Carlos Arturo Zuluaga, presidente da Acesco, um grande processador de aços planos, que hoje são importados de empresas como a CSN e a CST. Zuluaga se referiu ao temor que a Colômbia possa repetir os conflitos empresariais dos países vizinhos Venezuela e Equador.
Mas a principal dúvida do Votorantim não é sobre o futuro da Colômbia, mas da economia mundial. O novo investimento será feito com cautela. Enquanto são providenciadas as licenças ambientais e o projeto de engenharia, os sócios ganharão tempo para medir o impacto da crise de Wall Street sobre o preço do aço.
Pelas contas de Albano Vieira, presidente da Votorantim Siderurgia – divisão criada este ano para cuidar dos crescentes investimentos do grupo em aço – essa etapa de preparação dará nove meses aos sócios para analisarem o mercado antes de começarem as obras. Dos US$ 1,5 bilhão que serão investidos, cerca de três quartos serão bancados pelo Votorantim e um quarto pelo Acesco.
O cálculo dos sócios prevê certa folga de mercado. “A Colômbia está investindo muito em infra-estrutura e, por isso, o consumo de aço cresce duas vezes mais rápido que a economia”, disse Vieira. “Quando a usina estiver pronta, em 2012, o mercado colombiano terá crescido mais de 50%.”
O investimento na Colômbia também é representativo das novas prioridades do Votorantim. Embora produza aço na usina de Barra Mansa, no Rio, desde 1937, apenas nos últimos dois anos a siderurgia ganhou importância no grupo. Desde então, o Votorantim decidiu ampliar a produção em Barra Mansa, comprou a Paz del Rio e a Acerbrag, na Argentina.
No Brasil, está construindo uma siderúrgica em Resende, no Rio, para produzir 1 milhão de toneladas de aço plano por ano, além de ter reforçado sua participação como acionista da Usiminas – sem contar os planos para eventuais aquisições na América Latina e nos EUA.