Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Votorantim quer crescer em aço longo na América do Sul

Vera Saavedra Durão, do Rio
Valor Econômico

A Votorantim Siderurgia, braço de aços longos do grupo Votorantim, que já responde por 10% da receita do conglomerado, planeja ampliar a atual capacidade de produção de 2,5 milhões de toneladas anuais para 3 milhoes de toneladas para se firmar como um grande “player” no mercado sul-americano, disse Ricardo Henrique Leal, diretor da empresa, durante palestra no seminário de mineração e siderurgia do CRU Group.

Leal informou que o aumento projetado de 500 mil toneladas, nos próximos anos, será alcançado apenas por meio de melhorias de desempenho e de produtividade das usinas da Colômbia e da Argentina. “O plano de expansão não contempla nenhum investimento novo em unidades industriais”, afirmou. Atualmente, a VS tem capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de aço bruto no Brasil nas usinas de Resende, com 1,02 milhão de toneladas, e de Barra Mansa (800 mil), ambas no Rio. As unidades do exterior somam capacidade total de 750 mil, sendo 400 mil toneladas na usina Paz del Rio, em território colombiano, e 350 mil na usina argentina.

Além disso, no Brasil a VS está investindo numa unidade de laminação apta a fazer 400 mil toneladas de produtos laminados, em Três Lagoas (MS). A companhia tem como parceiro no negócio, com 50% cada um, Alexandre Grendene. Leal não informou o valor do investimento. Informou que a usina deve começar a operar no fim de 2012.

O grupo Votorantim tem a siderurgia uma das prioridades de negócios. O mercado de aços longos vem crescendo fortemente desde o ano passado, disse Leal. “Está num nível bom e vai continuar; para aço longo o mercado siderúrgico está bom”, destacou. Com perspectivas favoráveis no futuro, por conta de investimentos a serem feitos em obras de infraestrutura de grandes empresas e na construção civil para atender os eventos da Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016, a VS planeja expandir sua capacidade. Em 2009, a companhia vendeu 1,2 milhão de toneladas. Com isso, atingiu receita de R$ 2,2 bilhão, resultado operacional de R$ 632 milhões e uma margem de 28%.

A VS planeja ainda ampliar suas exportações para passar a operar à plena capacidade nos próximos anos. Atualmente, exporta só 5% do total comercializado de vergalhões, fios-máquina e perfis. No ano passado, a companhia criou um departamento de exportação para atender a um mix completo de produtos para construção civil e mecânica. “Vamos exportar bastante”, prevê Leal. Ele informou ainda que a VS pretende investir forte em tecnologia e logística, criou uma área de assistência técnica e está ampliando a área de vendas. “Queremos ser a siderúrgica de melhor relação com o cliente e a primeira em qualidade de aço na América do Sul”, declarou o executivo.

A VS não sofre as pressões de preço das matérias primas (minério de ferro, carvão metalúrgico, dentre outras) da mesma forma que as siderúrgicas integradas a alto-forno, que fazem aços planos, caso de galvanizados e chapa grossa. A companhia produz longos e suas usinas operam com o processo de redução direta e forno elétrico, usando sucata como principal insumo. Leal explicou que o custo da energia nesse processo é pesado, mas o grupo Votorantim tem uma base energética alta para suprir suas fábricas no Brasil. A unidade da Paz del Rio, na Colômbia, é autosuficiente em carvão, minério de ferro e calcário. Já a usina da Argentina, segundo disse, tem sofrido problemas de abastecimento de energia devido o inverno rigoroso no país, que está dando prioridade ao consumo residencial.