Sérgio Bueno, de Porto Alegre
A crise financeira internacional não abalou, pelo menos até o momento, a confiança da Volvo Construction Equipment (Volvo CE) no desempenho dos negócios na América Latina. A empresa, que fabrica escavadeiras, pás carregadeiras, mini-carregadeiras, motoniveladoras e caminhões articulados em Pederneiras (SP), prevê uma receita superior a US$ 500 milhões nos países da região em 2008. No ano passado, a empresa de origem sueca alcançou US$ 388,5 milhões. Esse valor não inclui US$ 250 milhões em exportações para os Estados Unidos, Europa e África, com alta de 25% sobre 2007.
Pelo lado das vendas físicas, a expectativa é de crescimento de 62% no Brasil, para 1,7 mil máquinas e equipamentos, e 34% na América Latina, para 3,5 mil, informa o presidente da Volvo CE Latin America, Yoshio Kawakami.
Para o próximo ano, a estimativa preliminar da Volvo é de alta de 10% a 15% no país e de até 25% na região, devido à conquista de novos espaços no mercado mexicano e da América Central. A redução da taxa de crescimento deve ocorrer devido à base de comparação elevada de 2008 e não em função da crise financeira global, entende o executivo.
Segundo Kawakami, a turbulência dos mercados não provocou interrupção no fechamento de novos contratos porque os equipamentos da empresa são demandados por setores que fazem investimentos industriais e de infra-estrutura de longo prazo que não podem ser interrompidos. “Vai haver alguma influência (da crise) no Brasil e na América Latina, mas estamos otimistas porque a necessidade de investimentos em infra-estrutura e na produção de commodities segue alta”, disse o executivo.
Na opinião do executivo, mesmo afetado pela crise, o Brasil, que representa 53% do faturamento da fabricante na América Latina, terá condições de se recuperar mais rapidamente do que outros países devido à situação macroeconômica mais favorável. Segundo ele, o país também tem grande potencial de crescimento ancorado no desenvolvimento de energias alternativas, na exploração do petróleo na camada pré-sal (Bacia de Santos), em outros tipos de obras e na produção de commodities agrícolas.
A divisão de máquinas e equipamentos representa cerca de 25% das receitas do grupo Volvo no Brasil, atrás apenas do segmento de caminhões e ônibus, que oscila entre 50% e 60%, informou Kawakami. No mundo, a Volvo CE faturou US$ 8,3 bilhões em 2007, ante uma receita total do conglomerado sueco de US$ 42,2 bilhões, e neste ano deve ultrapassar a faixa dos US$ 10 bilhões.
O crescimento das operações da empresa também está exigindo investimentos na rede de distribuidores autorizados. No Rio Grande do Sul, a Linck aplicou R$ 5 milhões na transferência da sua sede em Porto Alegre para o município de Eldorado do Sul, na região metropolitana da capital gaúcha, disse a diretora-superintendente Suzana Linck. Segundo o diretor comercial José Honorato de Moraes, além de ser dotada de melhor infra-estrutura, a nova sede está situada em uma região com acesso rodoviário mais fácil.