
Restrição ao crédito em outubro limita negócios a 239 mil veículos
Cleide Silva
Foram vendidos no Brasil em outubro 239,2 mil veículos novos, um volume 2,1% menor ante o registrado no mesmo mês de 2007. Foi a primeira queda no comparativo de meses iguais em mais de dois anos.
A indústria automobilística vinha batendo sucessivos recordes de vendas na base comparativa anual desde junho de 2006. Em relação a setembro deste ano, a queda foi de 10,9% nos negócios de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Segundo as montadoras, a restrição ao crédito provocada pela crise global freou a venda no País, onde 70% dos negócios são financiados. O recuo também foi forte entre frotistas.
O mercado aguarda para esta semana a liberação de crédito mais acessível por parte dos bancos oficiais para o financiamento de carros novos e usados, ação prometida aos executivos da indústria automobilística na sexta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Em várias lojas de São Paulo, as consultas caíram mais de 50% ontem, segundo vendedores. Mantega e Meirelles informaram que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão atuar mais fortemente no crédito à veículos, via financiamento direto ao consumidor, parcerias e compra de carteira de bancos atuantes no ramo.
Só as vendas de automóveis e comercias leves caíram 3,3% na comparação com outubro de 2007 e 11,6% em relação a setembro deste ano, somando 224,9 mil unidades, segundo dados de licenciamentos.
No ano, o saldo ainda é bastante positivo. Foram vendidos desde janeiro 2,32 milhões de automóveis e comerciais leves, 23,1% a mais que em igual período de 2007. Com caminhões e ônibus, o número sobe para 2,44 milhões de unidades, 23,4% a mais que no ano passado.
Entre as quatro principais montadoras, responsáveis por 70% das vendas no País, a que mais caiu em outubro, em porcentual, foi a Fiat. As vendas da marca somaram 53,3 mil unidades, 11,4% a menos que o resultado do mesmo mês de 2007. Ainda assim, a marca segue como líder do mercado.
As vendas da GM, de 44 mil veículos, caíram 9,8% e as da Volkswagen, de 49 mil unidades, foram 7,8% menores que as de um ano atrás. Já a Ford teve declínio de apenas 0,5%, com 22,5 mil carros vendidos em outubro.
Entre os modelos mais vendidos, o Volkswagen Gol segue no topo da lista, com 23,2 mil unidades. A surpresa foi o Fiat Uno, que vendeu 12,8 mil unidades, desbancando a tradicional vice-liderança do Palio, também da Fiat, por apenas 18 unidades.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que divulgará o balanço oficial do setor na quinta-feira, previa vendas de 3 milhões de veículos neste ano, 24% a mais que em 2007. A crise financeira pode reduzir o crescimento.
Nas últimas semanas, os juros para o financiamento de carros aumentaram de 20% a 30% e os bancos ficaram mais criteriosos na liberação de crédito. As revendas reduziram a margem de lucro para desovar estoques, mas já há empresas em dificuldade financeira. Montadoras começaram a apelar para as férias coletivas.