O experiente consultor sindical João Guilherme Vargas Neto, formado nas fileiras do antigo PCB, tem escrito artigos preciosos para o sindicalismo e a luta dos trabalhadores. Com textos que trazem a marca da clareza e concisão, é dele a frase “Precisamos difundir informações que organizem a cabeça das pessoas”.
Seu mais recente artigo “As quatro patas do molosso” – molosso é cão fila – alerta que a Lei 13.467 (reforma trabalhista) já provoca um terremoto nas relações de trabalho. Ele orienta que seus efeitos “terão de ser enfrentados de modo sério, porque a agressão aos direitos que materializa cria um clima de conflitos sem precedentes”.
A leitura atenta da lei comparada aos artigos da CLT modificados, observa Vargas, “contém quatro deformas: a deforma trabalhista, a deforma da vida empresarial, a deforma da Justiça do Trabalho e a deforma sindical”. A lei impedirá volta à situação anterior, sem significar, no entanto, o fim do mundo, “pois a luta de classes não é abolida pela lei, é intensificada por ela e encontrará caminhos para ser travada”.
Patas – O consultor indica o que chama de “as quatro patas que farão caminhar o molosso da nossa resistência”. A saber:
1 – Enfrentar a deforma de maneira global, evitando a todo custo a separação entre seus aspectos trabalhista e sindical. O objetivo estratégico é a defesa dos interesses dos trabalhadores.
2 – Reorganizar e reagrupar as entidades sindicais para garantir maior eficácia na resistência. O objetivo é passar da “unidade de ação” para a “união de sobrevivência”.
3 – Reestruturar de modo inteligente a capacidade de ação e as despesas das entidades reagrupadas. Garantir com a economia necessária o empenho em defesa dos trabalhadores – sindicalização, mobilização, comunicação, jurídico – sem cair na esparrela do corte burro decorrente do pânico.
4 – Apelar, na busca de garantia de recursos legais, às articulações políticas capazes de tornar efetivo o inciso IV, do Artigo 8º da Constituição. O objetivo é regulamentar a contribuição confederativa aprovada em assembleia, que pode ter as mesmas características da contribuição negocial que anda sendo cogitada.
Seu artigo conclui: “É hora de resistir, pois a luta continua, torna-se mais conflituosa e difícil, exigindo determinação, inteligência e unidade”.
Categorias – Em sua orientação às entidades, João Guilherme Vargas Neto aponta a necessidade de resistir já, empresa por empresa e nas campanhas salariais em andamento – bancários, metalúrgicos, têxteis, comerciários e outras.
Fonte – Para o jornalista João Franzin, da Agência Sindical, a massificação dos artigos de Vargas ajudaria a orientar a análise das direções e as ações junto às categorias. Ele diz: “Teríamos mais resultado se profissionais do porte de Vargas, Toninho do Diap e Clemente Ganz, do Dieese, fossem fontes constantes da mídia sindical, dos blogs progressistas e da mídia popular”. Para Franzin, a própria grande imprensa daria mais precisão às suas reportagens se tivesse o hábito de ouvir as fontes certas quanto ao mundo do trabalho.
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