Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Válvula para petróleo escapa de recuo no setor de máquinas

SÃO PAULO – Em meio ao maior recuo do setor de máquinas e equipamentos desde o ano de 2000 – com o fechamento em janeiro do faturamento nominal em declínio de 38,6% em relação a dezembro de 2008 e de 34,7% na comparação a janeiro do ano passado – um único segmento se destaca e tem crescimento em relação ao mês de dezembro: o de válvulas, que registrou expansão de 17,5%. “Esse segmento está ligado ao setor de petróleo e gás, ou seja, a Petrobras”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) , Luiz Aubert Neto.

Segundo o executivo, se não fosse a estatal petrolífera, os resultados do setor estariam três vezes piores. Na outra ponta, puxando a forte queda, está o setor de máquinas-ferramenta, que registrou baixa de 58,9%. “Quando o faturamento recua 60%, como no caso das máquinas-ferramenta, não há redução de jornada e salários que resolva a situação”, avaliou o presidente da Abimaq.

A entidade representa cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e em janeiro empregava 242 mil trabalhadores.

No período, o consumo aparente de máquinas também registrou baixa de 11,1% ante janeiro de 2008.

De acordo com a Abimaq, as medidas do governo ainda não tiveram reflexo. A entidade também mandou um aviso e afirmou que, caso o cenário não seja mais positivo para os fabricantes até março, as demissões poderão atingir 50 mil pessoas ao longo do primeiro semestre do ano. Desde outubro de 2008, o setor fechou quase oito mil vagas, segundo levantamento da Abimaq.

Segundo a entidade, os números do mês de janeiro refletem a pisada no freio do setor industrial em relação aos investimentos e os fortes impactos da crise financeira no País. “Os resultados só comprovam que os investimentos estão paralisados no Brasil”, afirmou Luiz Aubert Neto. Na primeira quinzena do ano, os pedidos em carteira do setor já registram recuo de 30%.

Negociação

O presidente da Abimaq confirmou que pediu audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, José Serra, para tentar achar um caminho para brecar a retração do setor. Luiz Aubert lembrou que uma das sugestões ao governo para incentivar a compra de máquinas e equipamentos foi a desoneração tributária, que poderia diminuir o preço do produto em 20% a 25%, o que incentivaria a compra. “Pedimos quatro meses para que a venda dentro do Brasil fosse tratada como exportação e isso iria desengavetar investimentos”, afirmou.

De acordo com o presidente da Abimaq, apenas 10% do total de R$ 1 bilhão em linha de crédito do banco Nossa Caixa foi utilizado pelas associadas da Abimaq. O presidente da entidade afirmou que a taxa de juros cobrada pela instituição bancária, de cerca de 3,5% ao mês torna o benefício proibitivo. Segundo o executivo, a entidade terá reunião com o presidente do banco para reverter a situação. “Qualquer taxa acima de 2% é crime. Mas acho que depois da reunião com a Nossa Caixa nós teremos boas notícias”, disse Aubert Neto.

Balança comercial

As exportações de máquinas e equipamentos em janeiro ficaram em US$ 677,25 milhões, queda de 34,9% sobre dezembro e de 23,6% em comparação a janeiro de 2008.

A Abimaq esperava uma redução entre 20% a 25% nas vendas externas neste mês.

“Isso é mais um resultado da crise internacional. Os Estados Unidos, nosso principal cliente, reduziram as compras de máquinas brasileiras em 35,8% em janeiro na comparação com janeiro de 2008”, afirmou Aubert Neto em entrevista .

O recuo das importações foi menor. O resultado mensal ficou em US$ 1,73 bilhão, uma diminuição de 2,3% sobre dezembro e de 2,4% ante janeiro, mas a Abimaq prevê que as importações devem continuar caindo nos próximos seis meses.

De acordo com o presidente da entidade as importações não sofreram um recuo maior porque os pedidos foram realizados em momento anterior à crise e foram entregues no mês de janeiro.

Fernanda Guimarães