KARINA MATIAS – Diário de Mogi das Cruzes
O grupo Agco, do qual a Valtra faz parte, descartou pelo menos neste momento, a demissão de funcionários na fábrica de tratores instalada em Braz Cubas. A fim de evitar o corte de trabalhadores, diretores da empresa negociam com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, em reunião às 11 horas de hoje, no Palácio do Trabalhador, em São Paulo, a redução da jornada de trabalho e de salários.
Outros encontros já foram realizados, mas o ponto nevrálgico para o acordo é que há uma discordância sobre quais serão os setores e funcionários afetados pela medida. A Valtra propõe a aplicação da ação para o pessoal da manufatura, o que inclui horistas e também postos administrativos, em um total de 688 dos 950 funcionários da unidade fabril. Segundo justificativa da diretora de Recursos Humanos do grupo Agco na América do Sul, Marília Maya, é fundamental que outras áreas da empresa, como a comercial e de marketing, continuem atuando regularmente, uma vez que são responsáveis por desenvolver ações a fim de recuperar as vendas da empresa.
Por outro lado, no entanto, o sindicato disse que não aceitará o acordo desta forma. “Temos a posição de trazer a proposta para todos os trabalhadores, do faxineiro ao cargo mais alto”, frisou o diretor da entidade, Sílvio Bernardo. Ele disse que na reunião de hoje apresentará um documento, assinado pelo Ministério Público, que endossa esta posição. “(O documento) diz que não pode ser reduzido o salário de apenas uma parcela dos funcionários, mas de todos”, pontuou o sindicalista.
Marília Maya enfatizou que a crise econômica mundial provocou um grande impacto no volume de vendas da Valtra. Por conta disso, a empresa demitiu em fevereiro quase 250 funcionários. Além disso, desde segunda-feira, 650 trabalhadores estão parados. Eles vão ficar 20 dias em férias coletivas e mais 10 dias pelo banco de horas. A meta é reduzir o estoque de produtos, que apresenta um patamar alto.
A diretora de recursos humanos garantiu que neste momento a empresa não trabalha com a proposta de demissões de funcionários. “A não ser que aconteça uma catástrofe”, ponderou. Segundo ela, o grupo aposta na recuperação do mercado nos próximos meses e está trabalhando a “todo vapor” para isso. É por conta desta visão otimista, que a postura de evitar o corte de trabalhadores foi adotada. A ideia é reduzir a carga de trabalho em um dia na semana pelo período de julho a dezembro, o que resultará em uma queda de 15% no salário. “Nos fizemos uma assembleia na fábrica na semana passada, em que esta proposta foi aprovada. Mas o sindicato levantou algumas questões que estão sendo estudadas”, informou Marília.
A executiva salientou ainda que demitir trabalhadores não é algo positivo pelos mais diferentes aspectos. Além do lado humano, Marília Maya enfatizou que há a questão econômica e do funcionamento da unidade fabril. “Formar pessoas para trabalharem conosco não é fácil. Não é bom também para o ambiente da fábrica. Por isso, temos adotado uma postura de comunicação transparente com os funcionários”, enfatizou.
Ela frisou ainda que, desde o início da crise, a empresa tem feito um acompanhamento “rigoroso” e desenvolvido novas ações para recuperação das vendas. Redução de despesas, revisão dos custos dos produtos, participação em eventos e criação de campanhas foram algumas das medidas adotadas. “É preciso ressaltar que fizemos de tudo para minimizar os impactos da crise, que poderiam ter sido maiores”, finalizou, sem especificar em números como a empresa foi afetada pela instabilidade econômica mundial.