Nem esquerda, nem direita. Nos regimes democráticos, o equilíbrio dos governos necessita do chamado centro. Quando o centro se desmancha ou pende para um dos lados – geralmente para a direita –, a governabilidade corre risco.
A atual desorganização do centro político não explica a crise brasileira inteira, mas, sem dúvida, é uma das razões da nossa confusão política. E crise política mal resolvida afeta a economia, agravando os demais problemas.
A sociedade não é de esquerda ou de direita. Essa posição oscila, conforme os fatos e as circunstâncias. Em situação normal, a esquerda pressiona de um lado, a direita atua de outro, mas o centro moderado garante o funcionamento do Estado, do Congresso e do governo.
Um momento que deixou muito claro esse mecanismo foi na Assembleia Nacional Constituinte. A esquerda era minoritária, a direita estava desgastada devido à sua ligação com a ditadura e o centro acabou se impondo. Muitos líderes tiveram um papel fundamental para isso, entre os quais destaco Ulysses Guimarães.
Curioso observar que a direita tentou atuar de forma dissimulada, criando o chamado “Centrão”, que nós, do movimento sindical e popular, tratamos logo de dar o nome real ao grupamento: “Direitão”. Esse grupo tentou melar direitos apontados na Comissão de Sistematização, mas foi derrotado pela pressão popular.
Nem sempre os mesmos formatos políticos se repetem. Mas existe um padrão construído pela própria experiência política e democrática dos partidos e grupos sociais. E essa experiência não pode ser desconsiderada por qualquer nível de governo.
Este ano, haverá eleições para prefeito e vereadores. Setores da esquerda andam desgastados e a direita ficou muito raivosa e agressiva. Há, portanto, um enorme espaço político a ser ocupado pelo centro, especialmente pela chamada centro-esquerda. Ou seja, por uma concepção política moderada, mas comprometida com os avanços políticos e a inclusão social.
O centro político tem algumas marcas próprias. A principal é o compromisso com a democracia e o Estado de Direito. Isso é certo e ganha as cabeças. Mas, em política, há primeiro que se ganhar os corações. E isso só ocorrerá se um projeto centrista e moderado mostrar efetivos compromissos com o desenvolvimento, a produção, o trabalho decente e a inclusão social.
Penso que esse será o desafio político a ser concretizado nas eleições municipais deste ano.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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