Companhia afirma que corte faz parte de processo natural de ajuste que acontece todos os meses
DA SUCURSAL DO RIO
Após cortar 1.300 vagas no fim do ano passado, a Vale voltou a demitir ontem, oficializando o desligamento de 200 a 300 funcionários da mineradora no país. A decisão foi anunciada durante reunião com os sindicatos, realizada no Rio.
Ficou acertado que esses empregados terão um abono extra de R$ 870 e mais seis meses de seguro-saúde garantido.
Os sindicatos já esperavam as demissões, vistas como inevitáveis diante da grave crise pela qual passa o mercado global de minério de ferro.
A Vale argumenta que os desligamentos fazem parte de um processo natural de ajuste e renovação da força de trabalho que acontece todos os meses.
O número de demitidos agora, diz a Vale, foi maior porque ficou meses sem fazer cortes devido a acordo com os sindicatos que previa estabilidade de empregos até 31 de maio. Ao fim de maio, ela já havia desligado outros 300 empregados sob a mesma alegação.
A Vale colocou em licença remunerada 1.300 empregados no final de 2008 e concedeu férias coletivas a mais 5.500 pessoas. Segundo a empresa, a maior parte desses trabalhadores já voltou a seus postos.
Terminado o acordo, a Vale diz que foi obrigada a fazer os ajustes, mas nega demissões em massa. A companhia emprega 46,6 mil pessoas no país. São 62 mil em todo o mundo.
Diante da crise sem precedentes na história recente do setor, a Vale foi obrigada a postergar investimentos, cortar a produção de minério de ferro e reduzir a força de trabalho.
É que a produção siderúrgica chegou a cair 50% desde o agravamento da crise, em setembro passado. Com as encomendas em queda, a Vale diminuiu seu plano de investimento de US$ 14 bilhões, anunciado em outubro de 2008, para US$ 11 bilhões, em fevereiro. O mercado espera, porém, que a cifra ainda seja revista para baixo.
Cancelamento
Ontem, a siderúrgica sul-coreana Dongkuk, a terceira maior do país, disse que não vai mais participar de parceria com a Vale para a produção de placas de aço no Ceará, devido ao aumento nos custos do gás.
“É difícil garantir a viabilidade do projeto por causa da drástica mudança no ambiente global de energia e da demanda dos fornecedores de gás natural para aumentar os preços do combustível”, afirmou, em nota, a companhia asiática.
Disse ainda que continua valendo o acordo com a Vale para a produção de placas em aço em fornalha movida a carvão.
Com a Bloomberg