Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Uso de seguro-desemprego aumentou 6,77% em 2008

Arnaldo Galvão, de Brasília

A comparação dos pedidos de seguro-desemprego mostra que 2008 teve aumento de 6,77% sobre o ano anterior. Apesar disso, o número de trabalhadores beneficiados foi 4,84% menor que o verificado em 2007. O Ministério do Trabalho informa que 5,8 milhões de pessoas receberam ou começaram a receber de três a cinco parcelas do benefício.

As informações oficiais do saldo entre contratações e demissões sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 2008, ainda não foram divulgadas, mas é consenso entre empresários e trabalhadores que o desemprego, neste ano, será bem maior que o do ano passado. A pesquisa de mercado Focus, realizada pelo Banco Central, já reduziu para 2% a previsão de crescimento do PIB em 2009. Em 2008, a taxa passou dos 5%.

Se menos crescimento significa menos trabalho, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), afirma que o desemprego, em janeiro, será maior que o verificado em dezembro. Ele diz que isso ocorre, porque os trabalhadores que estavam em férias coletivas, estão sendo demitidos. “Os números do Caged vão assustar o país”, lamenta o sindicalista, referindo-se aos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que devem ser divulgados a partir do dia 20.

Para Paulinho, se não for feita alguma coisa o desemprego vai continuar piorando. Isso significa, na sua visão, o BC reduzir juros e o governo pressionar os bancos para baixarem os spreads (diferença entre o que a instituição financeira paga para captar recursos e a taxa cobrada do tomador do crédito). Ele criticou o governo porque, de acordo com sua avaliação, o presidente Luiz Inácio Lula concordou com a reivindicação das centrais para exigir contrapartida das empresas que recebem dinheiro do BNDES ou incentivos fiscais. O problema, segundo o deputado, é que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não exigiu essa compensação dos empresários ao anunciar medidas de estímulo à produção.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, reúne-se hoje com os presidentes de cinco centrais sindicais e entidades patronais do comércio e da agricultura para discutir propostas que evitem o desemprego. Paulinho confirma sua presença, mas admite que negociar redução da jornada de trabalho com diminuição de salários ou acrescentar duas parcelas no seguro-desemprego são apenas “paliativos”.

A CUT defende que “acordo sem luta é inaceitável”. Segundo a direção da entidade, a campanha para preservar empregos não pode ser condicionada à perda de direitos ou redução de salário com redução da jornada. Além disso, a CUT defende a queda dos juros e o fim do superávit primário.

Na avaliação do economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, a velocidade do impacto da crise foi maior que a esperada, o que vai prejudicar o emprego. Além disso, reconhece que essa inflexão provocada pela crise soma-se ao período mais fraco na criação de postos de trabalho na indústria, de outubro a março. “A indústria não pode produzir no mesmo ritmo que havia antes. O mercado de trabalho vai sentir os efeitos da crise em um momento de menor aquecimento da indústria.”

O emprego reage mais lentamente aos fatores que impactam a produção. Castelo Branco explica que isso ocorre porque são altos os custos de demissão e de treinamento. Em uma crise, ele reduz-se depois da queda na produção. Para ele, as negociações para suspensão do contrato de trabalho podem ser um “freio de arrumação”.

Na visão do chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, os segmentos que já enfrentam maior desaceleração são os que vendem bens de consumo duráveis, mais dependentes do crédito, principalmente automóveis, televisores, geladeiras, fogões e eletroeletrônicos.

Segundo a CNC, o comércio, em 2008, efetivou 35% dos empregados temporários contratados no segundo semestre de 2007. Para este ano, a perspectiva é mais pessimista, porque se as vendas cresceram 9,5% em 2008, vão expandir-se apenas 5% em 2009.