“Em pleno dezembro, mês que simboliza nascimento, confraternização e amor, recebemos estarrecidos a notícia de que o governo pretende criar por medida provisória a contratação por hora trabalhada, com jornada intermitente (móvel).
Pode até ser um paliativo para quem está desempregado e busca, com razão, uma atividade emergencial que garanta o sustento de sua família. Mas torná-la uma modalidade oficial de contratação no País, esfacelando a CLT, é uma aberração.
A medida a ser anunciada precariza as relações de trabalho, pois enfraquece o alcance da ação sindical e, portanto, o poder de negociação do trabalhador junto aos patrões. E tem pouco valor para a necessária retomada sustentável e duradoura da economia.
Em vez de destinar de forma significativa o orçamento para o setor produtivo, garantindo crescimento, emprego e trabalho decente para o povo brasileiro, o governo, cada dia mais impopular, age de forma oportunista.
A pretexto de contornar a crise, o governo ameaça com a destruição dos históricos direitos da classe trabalhadora, não tem coragem de taxar as grandes fortunas e não mexe em nada nos privilégios de uma ínfima casta social, a da elite, dos rentistas e dos patrões predadores, que almejam só o lucro e não se importam com a dignidade humana”.
Miguel Torres
presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e vice-presidente da Força Sindical