Participei ontem, dia 22, do grande ato sindical unitário do grupo dos trabalhadores da Comissão Nacional da Verdade, coordenado pela Dra. Rosa Cardoso, no Sindicato Nacional dos Aposentados.
Além de vários dirigentes sindicais e de participantes vivos da resistência à ditadura (e da memória reverenciada de alguns mortos) fizeram-se representar as dez centrais sindicais (dez, sim, porque a Intersindical conta como duas): CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical I, Intersindical II, Nova Central e UGT (sigo a ordem das logomarcas no panfleto de convocação).
O motivo do ato unitário foi a comemoração dos 30 anos da Greve Geral de 21 de julho de 1983.
Sobre este acontecimento, um dos marcos do fim da ditadura militar, muitas coisas ainda merecem ser registradas.
O movimento sindical, agredido pelo governo militar, com o Decreto Lei 2012 de arrocho salarial e sedento de ação unitária e democrática, preparou a greve com uma estratégia deliberada de esvaziamento das cidades, em particular de São Paulo.
Enfrentando aqui, em São Bernardo e em muitas outras localidades a brutalidade da repressão policial, conseguiu seu objetivo – as cidades pararam.
Quando os dois grandes dirigentes nacionais da greve, Joaquim dos Santos Andrade e Jair Meneguelli, às 17 horas, do dia 21, deram uma entrevista coletiva à imprensa na Assembleia Legislativa de São Paulo, puderam dizer que “os trabalhadores unidos transformaram com sua greve uma quinta-feira de trabalho em um domingo sereno”.
Contados três meses exatos da greve, aconteceu no Congresso Nacional a primeira derrota de um Decreto Lei da ditadura, o 2045, última forma na sucessão de decretos de arrocho salarial daquele ano.
O ato da Comissão Nacional da Verdade e a comemoração dos 30 anos da greve mostram que o movimento sindical tem força, tem história e é um dos mais relevantes esteios da democracia e do progresso social no Brasil.
João Guilherme – consultor sindical