Movimento contra o excesso de horas extras, liderado pela Força Sindical do Paraná, terá a participação de milhares de trabalhadores em ato na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Tem empresa em que a carga horária semanal é de 56 horas
A Força Sindical do Paraná realiza neste sábado (29) uma grande manifestação em protesto contra o excesso de horas extras que tem sido impostas aos trabalhadores de várias empresas da Grande Curitiba. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias, que integram o movimento contra a hora extra abusiva, estarão percorrendo as principais ruas e empresas da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) para denunciar a carga horária excessiva no trabalho.
“Estamos fazendo esse movimento para denunciar a situação que muitos trabalhadores estão passando em algumas empresas aqui da Grande Curitiba. O excesso de trabalho em uma linha de produção é um risco para a saúde física e mental do trabalhador. Esse protesto é um grito para que as autoridades competentes tomem uma posição antes que tenhamos um exército de doentes por excesso de trabalho”, alerta o presidente da Força Sindical do Paraná, Nelson Silva de Souza, o Nelsão da Força.
Metalúrgicos da Bosch: carga horária chega até 56 horas semanais
Um dos maiores exemplos de imposição de horas extras abusivas ao trabalhadores acontece na fábrica da Bosch, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A carga horária normal de trabalho na empresa é de 40 horas semanais (8 horas diárias de segunda a sexta-feira). Porém, nos últimos três meses, há casos de trabalhadores que são obrigados a fazer 10 horas diárias durante a semana. Além disso, todos os metalúrgicos da empresa estão trabalhando mais 6 horas quase todos os sábados. Somadas todas as horas, a casos de trabalhadores em que a carga horária semanal de trabalho está chegando a abomináveis 56 horas.
Números assustadores
Somente o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba atendeu este ano 215 trabalhadores que apresentaram algum problema decorrente do ambiente de trabalho, como acidentes ou o desenvolvimento de alguma doença laboral. O número é assustador porque é quase o mesmo número de trabalhadores que apresentaram algum problema durante todo o ano de 2012: 256. Lembrando que esses números referem-se apenas a trabalhadores que procuraram o Sindicato, ou seja, o número de trabalhadores lesionados pode ser ainda maior, principalmente nas montadoras.
Ritmo excessivo de trabalho = LER/DORT, depressão e estresse
Para o doutor Zuher Handar, presidente da Associação Nacional da Medicina do Trabalho (ANAMT), a exposição do trabalhador a um ritmo incessante de trabalho pode acarretar sérios problemas físicos, como a LER/DORT, e psicológicos, como o estresse e a depressão: “O atual processo de reestruturação das linhas de produção que as empresas tem implantado em suas fábricas, visando a aumentar a produtividade e o lucro, também recai sobre o trabalhador. Expostos a um ritmo incessante e prolongado de trabalho, sem tempo para o descanso e para o lazer, o trabalhador fica sujeito a acidentes e ao desenvolvimento de doenças como a LER/DORT, ao estresse e a depressão”, diz o doutor.
Para Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, uma das entidades apoiadoras do movimento, é preciso que as empresas entendam que a questão financeira não é a única preocupação do trabalhador:
“O que adianta o trabalhador ter uma compensação financeira pondo em risco a sua vida? Neste ritmo incessante de trabalho, ele pode até ter um acréscimo em seus vencimento no final do mês, porém, sob o risco de sofrer um acidente ou desenvolver uma doença para o resto da vida. É isso que as empresas tem que entender! Onde está a preocupação com a prevenção e a saúde e segurança do trabalhador?”, questiona Sérgio.
Mais informações: Nelson Silva de Souza (Nelsão), presidente da Força Sindical do Paraná: (41) 8411-6123