Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Trabalhadores e partidos

“Por ser numerosa e ter papel preponderante no processo econômico, a classe trabalhadora sempre foi politicamente disputada. Pela esquerda, pela direita, pelo centro, os partidos buscam ganhar a simpatia dos trabalhadores e, claro, seus votos.

Há um equívoco quando se procura identificar, automaticamente, classe trabalhadora e esquerda. Exemplo oposto é o partido nazista de Hitler (chamado nacional-socialista). A conquista do apoio de grandes parcelas operárias pelo regime se deu à base de ampla propaganda, lavagem cerebral e, como não poderia deixar de ser, naquele tipo de projeto político, da eliminação dos comunistas.

Na Europa de hoje, onde o furacão neoliberal varreu conquistas sociais, espalhou desemprego e fez brotar largamente a miséria, os partidos de direita estão crescendo e muito desse crescimento ocorre entre setores operários, subempregados, desempregados e nos setores que temem concorrência com os imigrantes – eles também trabalhadores, pobres e desamparados.

No Brasil, nossa tradição tem se mostrado diferente. Aqui, o grosso da classe trabalhadora tem mais afinidades com os projetos políticos que vão do centro para a esquerda. A figura de Lula, com toda sua mística e impressionante força eleitoral, expressa essa tradição.

Porém nada na vida é estático. E, como diz o povo, a fila anda. Mas, para que não ande na direção contrária aos interesses populares, para que caminhe na direção dos avanços e a fim de que reforce as fileiras dos segmentos democráticos, os partidos de origem popular não podem se descuidar da imensa massa trabalhadora. É preciso atuar de forma organizada.

Nesse sentido, ressalto como muito importante o evento ocorrido sábado, dia 19, na Câmara Municipal, quando o PDT (Partido Democrático Trabalhista) criou o seu Núcleo Sindical, me honrando com a sua coordenação estadual. Ressalto que saudaria iniciativas no mesmo sentido de outros partidos populares ou de esquerda.

Reuniram-se ali cerca de 30 entidades de classe, de variadas categorias profissionais. Muitos dirigentes fizeram uso da palavra. Fiquei particularmente feliz ao verificar as convergências das falas. Todos destacaram temas como Educação, Qualificação Profissional, Direitos Trabalhistas e Democracia. Ou seja, manifestaram-se por um modelo de sociedade mais justo, desenvolvido e equilibrado.

Penso que é o caminho certo. Organizadamente”.

Por José Pereira dos Santos
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

E-mail: pereira@metalurgico.org.br e blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com.br