Trabalhadores e empresários lançaram na terça-feira, dia 18 de outubro, em São Paulo, o Movimento por um Brasil com juros baixos: mais empregos e maior produção.
Organizado pela Força Sindical, CUT, Fiesp, Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, CNM e Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, a manifestação contou com a participação de centenas de pessoas inconformadas com os juros altos no País, que foram em passeata do hotel até a Avenida Paulista, no Banco Central.
“Este ato é apenas o começo. Vamos mostrar que não estamos brincando e não vamos mais aceitar ser campeões de juros altos. Em cada reunião do Copom para decidir se mantem, baixa ou aumenta a taxa Selic devemos realizar uma manifestação até o movimento crescer em todo o País, para podemos, em seguida, paralisar as atividades. Devemos ficar parados esperando o que os oito burocratas do Copom decidam sobre os juros básicos porque o quê eles decidirem refletirá muito em nossas vidas”, declarou Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical, no ato preliminar realizado em um hotel na capital paulista.
Os organizadores ficaram satisfeitos com o ato de hoje. Paulinho disse que a manifestação foi a “união do peão e do patrão para enfrentar a especulação”. No hotel, Tadeu Morais, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos SP, que representou o presidente da entidade, Miguel Torres, ressaltou a necessidade de baixar os juros porque gera mais empregos, mais consumo e faz a economia crescer.
O estrago que os juros altos provocam foi descrito pelo empresário Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, depois de observar que um país rico tem que fabricar máquinas, ter uma indústria forte, como a Alemanha. “Caso contrário vamos nos tornar colônia da China”, disse.
De acordo com o Aubert Neto, nos últimos 16 anos, o Brasil pagou R$ 2 trilhões de juros. Se corrigidos pelo índice da poupança chegamos a R$ 6 trilhões. “É a maior transferência de renda para o setor financeiro”.
Este volume de recursos, segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, daria para resolver o déficit habitacional, destinar recursos para a saúde e educação. O Brasil gasta com juros R$ 250 bilhões a mesma quantia destinada aos salários, sem encargos. “Quando o volume de recursos para os juros é igual ao de salários alguma coisa está errada”, declarou.
Wagner Freitas, secretário nacional de Administração e Finanças da CUT, defendeu o crescimento e desenvolvimento com distribuição de renda. “Não queremos apenas crescer, mas fortalecer a divisão de renda. Não dá para esperar crescer para dividir. Queremos também regulamentar o sistema financeiro”, declarou.
Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, citou o caso de uma empresa situada em sua base que está fechando por falta de competitividade. “Vamos lutar para manter estes empregos, defender nossa indústria e barrar a importação irregular. Precisamos de uma política industrial”, disse.
Wagner Gomes, presidente da CTB, afirmou que o Brasil precisa deixar de ser rentista. “A aliança entre trabalhadores e empresários é necessária para termos indústria forte, mercado interno forte, valorizar o trabalho e distribuir a renda.
Ubiracy Dantas de Oliveira, da CGTB, também criticou os especuladores e defendeu a queda da taxa Selic. Para Glaucia Morelli, presidente da Confederação das Mulheres do Brasil, o lançamento do movimento foi um momento de construção da unidade para romper com a colonização a que somos submetidos.
Academia
Os professores da Unicamp, Marcio Pochmann; da PUC, Antonio Corrêa Lacerda, e da FGV, Yoshiaki Nakano também defenderam a queda da taxa de juros básicos. Para Pochmann tecnicamente não há justificativa para manter os juros em patamares elevados. “Temos que ter recursos para investimentos produtivos, para o País produzir mais e gerar mais empregos. Não há nada que nos impeça de termos uma taxa de juros civilizada. A única coisa que impede é o medo de ousar e se deixar ser governado pelos que defendiam a estratégia dos juros altos e que já morreram”.
“O Brasil tem bons indicadores, bons fundamentos. “O grande desafio é tornar o Banco Central independente não só do governo, mas também do mercado”, afirmou Corrêa Lacerda. Já o economista Nakano observou que é o movimento político que provoca as grandes mudanças. A atual situação que torna os produtos brasileiros mais caros no exterior e torna mais barata a importação gera empregos em outros países, disse. Movimentos como este lançado hoje levarão a sociedade a tomar nas mãos o controle político do país e leva a ruptura do modelo passado. “É preciso que predomine a geração de emprego e a produção nacional”.
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Por Assessoria de imprensa da Força Sindical
Fotos Jaélcio Santana
www.fsindical.org.br