Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Trabalhadores e empresários defendem indústria e emprego

Iugo Koyama

Mônica L. Veloso, presidenta da CNTM, e Ministro Mercadante


Carlos Lacerda e Mônica L. Veloso, presidenta da CNTM, repudiam a pirataria
e a desindustrialização do País e defendem os empregos e a produção nacional 

Defendendo a participação da categoria metalúrgica na construção de um diálogo nacional em defesa da produção industrial e dos empregos, Mônica L. Veloso, presidenta da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), participou do Seminário “Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego”.

O evento, realizado na quinta-feira, dia 26 de maio, em uma fábrica desativada no bairro da Mooca, o Moinho Santo Antônio, em São Paulo, reuniu trabalhadores, sindicalistas, empresários e representantes do governo federal.

Mônica afirmou que, além das justas reivindicações do setor industrial, a classe trabalhadora tem de ser protegida em seus direitos e conquistar mais qualidade de vida nos locais de trabalho e melhor remuneração. Em um outro momento do encontro, na mesa de debates, junto ao Ministro Aloizio Mercadante, a presidenta da CNTM defendeu que é fundamental garantir um ensino público de qualidade e o fim da precarização do mundo do trabalho. “O Brasil precisa aproveitar melhor o potencial produtivo, criativo e intelectual da classe trabalhadora para alcançar o desenvolvimento econômico que todos nós almejamos”, afirma Mônica.

O Secretário para Assuntos Parlamentares da CNTM, Carlos Lacerda, também participou do evento, onde apresentou uma barraca com produtos importados que poderiam ser produzidos no Brasil com muito mais qualidade e alcance social. “Nós, da CNTM, estamos há muitos anos apontando o problema da desindustrialização, da pirataria e do contrabando. Este evento é, portanto, crucial para refletirmos sobre a necessária defesa da indústria nacional e dos empregos no Brasil”.

Os sindicalistas e empresários foram unânimes em afirmar que o governo deve ser mais rápido para adotar medidas em defesa da indústria brasileira e dos empregos diante do crescimento desordenado das importações. 

”O governo precisa lançar medidas rápidas e contundentes para acabar com os problemas do setor industrial, que também afetam negativamente os trabalhadores. Estamos juntos pensando em soluções para o desenvolvimento do País”, declarou Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, que participou do painel “Política Industrial, Comércio Exterior e Emprego”. 

Vale lembrar que no período de 2003 a 2010, com o aumento das importações, o País deixou de gerar 3,5 milhões de empregos.

José Ricardo Roriz Celho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, questiona: “sem indústria, quem vai atender o crescimento da demanda brasileira que surge com a ascensão social no País?”. 

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, observou que o evento foi realizado em uma fábrica desativada, construída pelos empresários e trabalhadores. “Hoje, com as mudanças na sociedade e no País, num ambiente de democracia, é o momento ideal para debater os desafios da indústria, garantir os direitos da classe trabalhadora e investir na organização sindical”, afirmou.

O secretário de administração e finanças da CUT, Vagner Freitas, disse que os trabalhadores e empresários têm divergências, que devem ser discutidas democraticamente, mas que o momento é de convergência. “Queremos um projeto de desenvolvimento do País, com distribuição de renda e igualdade social”.

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, defendeu que a sociedade brasileira tem de pensar que modelo quer para o desenvolvimento do País. “Os trabalhadores querem ter a nossa produção e não ser apenas tiradores de produtos de caixas e apertadores de parafusos para montá-los”.

O ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, afirmou que o governo está formatando uma nova política de desenvolvimento e competitividade, que deve ficar pronta em junho.  No curto prazo, para proteger a indústria nacional, Pimentel disse que serão adotadas práticas mais ativas de defesa comercial, licenciamento não automático para importações para setores em que há ameaça na balança comercial e linhas de financiamento e de apoio à pesquisa e à renovação. “Vamos usar o que for possível, dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), para defender a competitividade da produção nacional”. 

No período da tarde, o seminário continuou com os painéis “A indústria e o ambiente macroeconômico”; “Política industrial, inovação e emprego” e “Ambiente Macroeconômico e perspectiva para indústria”.

O ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, afirmou que não teremos um salto tecnológico sem investimento em educação e que é fundamental para o desenvolvimento, com sustentabilidade ambiental, investimento e distribuição de renda, a criação de uma agenda forte que reúna governo, empresários e trabalhadores. “Temos desafios históricos e um deles é deixar uma sociedade do conhecimento para as futuras gerações.”. 

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, esteve no fechamento do evento, que contou também com as presenças do vice-presidente da República Michel Temer, do presidente da Fiesp Paulo Skaf e do presidente da CUT Artur Henrique.

“Esta unidade entre os Sindicatos dos Metalúrgicos de São Paulo e do ABC, Força Sindical, CUT e Fiesp é um fato muito oportuno para debater e encontrar soluções para o grave problema industrial no País, tanto para o setor empresarial quanto para a classe trabalhadora”, afirma Paulinho. O presidente da Força Sindical espera que a partir deste momento o governo “olhe com atenção para as cadeias produtivas e crie uma câmara setorial para discutir os pontos levantados neste seminário em defesa da produção industrial e dos empregos”.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, pergunta: “o que queremos para o Brasil? Precisamos de uma estratégia e este momento histórico deve ser uma nova fase permanente de debates, em busca do desenvolvimento do País, de oportunidade de emprego e crescimento de todos”.

O presidente da CUT, Artur Henrique, defendeu a unidade em torno da construção do desenvolvimento do País. “O grande salto será agora, com a participação do governo, a criação da câmara setorial para a indústria”. 

No final do evento, as entidades entregaram ao vice-presidente Michel Temer o documento “Acordo pela Produção e Emprego”, que será encaminhado à presidenta da República Dilma Rousseff. “Esta proposta de câmara setorial é um passo a mais para a modernização da relação da sociedade com o governo. Serei um advogado desta causa em defesa da indústria brasileira e me esforçarei para marcar uma audiência da presidenta Dilma com vocês, empresários, sindicalistas e trabalhadores, que iniciaram hoje um grande pacto social no País”, afirma Michel Temer.


 

Por Val Gomes (Redação CNTM), com informações de Dalva Ueharo (Força Sindical) e fotos de Iugo Koyama e Jaélcio Santana