Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Trabalhador terá um 2012 com bons reajustes

Jornal da Tarde

LUCIELE VELLUTO

Para os trabalhadores organizados em sindicatos que irão reivindicar aumento salarial neste ano, a expectativa de resultado no geral para os acordos e convenções coletivas em 2012 é semelhante ao que ocorreu em 2011, ano considerado excelente – 93,2% das categorias profissionais conquistaram reposição da inflação e ganho real no primeiro semestre.

A estimativa é de especialistas e dirigentes sindicais. A diferença pode ficar nos períodos semestrais: o ano passado começou bem e terminou fraco quanto aos indicadores econômicos que pesam na mesa de negociação – inflação e crescimento econômico, por exemplo. Para este ano, deve ocorrer o inverso – fôlego maior no segundo semestre.

“Em 2011 saímos de 7,5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre para um segundo fraco. Para este ano apostamos na aceleração da economia no início do segundo semestre de 2012 e, quem sabe, ter um resultado de PIB melhor do que o ano passado, um pouco acima de 3% ”, diz o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Ele acredita que o início de 2012 ainda pode ter um refluxo do clima e influência dos resultados do final do ano passado.

Os dirigentes sindicais estão mais otimistas quanto às negociações salariais terem resultados ainda melhores que os de 2011. Citam como exemplos a maior receptividade à reposição da inflação e aplicação de ganho real, a partir das medidas que o governo tem tomado para acelerar a economia brasileira. Foi o caso até agora da redução a taxa de juros básica – a Selic – para diminuir o custo aos consumidores e investidores e a desoneração da folha de pagamento para alguns setores.

“O País não entrou em recessão no ano passado porque houve medidas políticas para que isso não ocorresse. Temos a pressão da crise econômica internacional, mas também ações para aquecer a economia”, diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical.

Para o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, mesmo com a inflação em alta em 2011 e a crise no mercado externo, 84% dos acordos no primeiro semestre conseguiram ganhos acima da inflação, resultado que deve ser parecido no segundo semestre. “Para 2012 teremos uma inflação mais contida e ações do governo para acelerar a economia, o que garante, pelo menos, um resultado semelhantes ao do ano passado.” O mercado financeiro prevê o inflação de 5,32% para este ano – 2011 fechou com taxa de 6,5%. O PIB deve chegar a 3,3% em 2012 contra 2,87% do ano passado.

O professor de relações do trabalho da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) Arnaldo Mazzei Nogueira explica que não são apenas os aspectos econômicos que devem ser levados em consideração nas negociações salariais, mas também no poder de mobilização, organização e representação das entidades sindicais. “Mesmo com uma economia com resultados abaixo do esperado em 2011, setores como bancários e construção conseguiram aumentos significativos.”

Nogueira acredita que este ano possa haver mais mobilização dos trabalhadores por reajustes e melhores condições de trabalho. “Temos um ano eleitoral. O setor público deve fazer pressão para conseguir melhores salários.”