Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Todos unidos na Campanha Salarial

A Copa do Mundo acabou e voltamos à realidade. O segundo semestre já está em pleno andamento e até dezembro várias categorias profissionais – entre elas os metalúrgicos – terão pela frente um enorme desafio: a Campanha Salarial. O Governo Federal, o Congresso Nacional e a elite econômica do país fizeram uma campanha para enfraquecer o movimento sindical, mas, neste momento tão delicado para os trabalhadores, são exatamente os sindicatos que lutarão pelos brasileiros que produzem e que carregam o Brasil nas costas.

Um dado recente divulgado pelo Ministério do Trabalho mostra como o Governo Temer conseguiu afundar a economia nacional. Desde que a chamada “reforma trabalhista” foi aprovada e entrou em vigor, nasceu a figura nefasta do emprego intermitente, aquele em que o trabalhador é contratado, mas só trabalha quando é chamado e só recebe pelas horas trabalhadas. A artimanha do Governo Federal consiste em incluir essas contratações intermitentes como se fossem empregos formais, com jornada de 40 horas e todos os direitos garantidos. Uma piada de mau gosto.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que, em maio, foram geradas 33.659 vagas no Brasil, mas desse total aproxidamente 10% (3.220 vagas) são de contratos intermitentes. Na prática, o que está acontecendo é a substituição do trabalho formal pelo “bico” oficializado. O salário médio na contratação em maio foi de R$ 1.527,11, enquanto a média na demissão era de R$ 1.684,34. Ou seja, os brasileiros estão trabalhando menos, ganhando menos e com isso a economia como um todo segue ladeira abaixo, num ciclo negativo e que prejudica a todos.

Os sindicatos de todo o País sempre foram a resistência contra medidas desta natureza. E as Campanhas Salariais são o momento em que os trabalhadores se unem e mostram força na frente dos patrões – e também dos políticos, pois eles andam sempre juntos. A reforma trabalhista e a perseguição aos sindicatos são uma tentativa de enfraquecer nossa reação e facilitar a proliferação de aberrações como estas. Mas o movimento sindical brasileiro é forte, já venceu obstáculos difíceis como a ditadura e não vai baixar a cabeça em momentos complexos, como o atual.

Neste segundo semestre, temos o desafio de sentar na mesa de negociação com os empresários e mostrar para eles que estamos unidos, sabemos o que queremos e não deixaremos nos enganar pelas desculpas esfarrapadas de sempre. O mais espantoso é observar que os sindicatos defendem justamente o fortalecimento da economia, com mais emprego e renda, o que traz prosperidade para todos. Pena que no Brasil o capitalismo ainda enxergue o trabalhador e seu salário como problemas, quando, na verdade, eles são a solução e a base de uma economia sólida.

Pedro Alves Benites é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Suzano e 2º Tesoureiro da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo